sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Vamos Nadal!!


Quem acordou mais cedo para ver a semi final do aberto da Austrália não se arrependeu. E quem acordou tarde também não, já que o jogo bateu o recorde de duração no Australian Open: 5h 14 min. O número 1 do mundo Rafael Nadal precisou de 5 sets (6-7, 6-4, 7-6, 6-7, 6-4) e da típica raça para vencer seu conterrâneo Fernando Verdasco, número 14 do ranking. Depois de tanta pancadaria pra um lado e pro outro, o jogo terminou numa dupla falta de Verdasco...

O duelo de canhotos espanhóis vai ser reprisado as 15h pela ESPN internacional. Ou seja, até começar o shabat há o que ver na tv. A final será domingo, entre Nadal e Roger Federer, às 6h30 da manhã, horário de Brasília.

Homens livres e shlichim

Aqui em Israel estamos no meio de uma guerra diplomática que foi aberta em várias frentes. Expulsamos o embaixador da Venezuela ontem (depois que o Huguito expulsou o embaixador israelense e vários shlichim da agência judaica de Caracas há algumas semanas). Fizemos com que o primeiro ministro turco abandonasse o fórum em Davos (depois de reafirmarmos o nosso direito a auto-defesa). E estamos pensando em alguma resposta para a decisão espanhola de processar oficiais do exército israelense por crimes de guerra (talvez seja essa a hora de pedir indenizações pelos judeus que os malditos avós dos espanhóis queimaram nas fogueiras da inquisição. Acho que isso configura um crime contra a humanidade, não?).
Enfim, espero que a vitória diplomática de Moshê no Egito (valendo-se de todos os meios de pressão disponíveis) na parashá dessa semana, possa nos iluminar.
Aliás, é nessa parashá que Moshê abre o segundo front de sua guerra: como tirar o Egito de dentro dos judeus. Como fazer com que 600 mil pessoas abandonem uma mentalidade de escravos?
A primeira medida (ou mitzvá, no vocabulário da psicologia do Tanach) foi o mandamento de santificar meses. No judaísmo os meses são lunares (numa antítese ao calendário egípcio pagão, baseado no sol), e quem declara o nascimento do mês é o tribunal central (que ficava ao lado do Beit HaMikdash) com base em testemunhas, que afirmavam terem visto a lua nova.
Ou seja: homens livres devem saber que eles tem o tempo em suas mãos. Somos nós que instituímos o nosso calendário (e consequentemente, as datas das festas, inclusive Pessach). Um escravo não precisa se preocupar com o relógio: o seu senhor se preocupa por ele. Mas nós somos homens livres, com todos os direitos e obrigações que isso implica.
A outra medida foi a instituição do Korban Pessach. Os judeus deveriam tomar um carneiro (que era idolatrado como deus pelos egípcios), amarrá-lo por 5 dias nos pés de suas camas, e sacrificá-lo e comê-lo no 5o dia. Que desparate aos egípcios! Onde já se viu? Matar e comer o deus alheio (ironia do destino: foi essa mesma acusação que a igreja católica carregou contra nós por 2000 anos). É verdade que devemos respeitar as idéias alheias, mas há um limite de quanto podemos tolerar – principalmente dentro de nossas casas.
Dentro de nossas casas nós somos soberanos, e não podemos aceitar qualquer influência cultural pagã. A ousadia é o contrário da submissão escrava.
Por fim. As leis do sacrifício de Pessach são a base do conceito de sociedade e “shlichut” (representação; procuração).
Duas famílias com poucos integrantes podiam dividir as despesas na compra de um único carneiro para ambas (a sociedade). E quando o representante da família sacrificava o carneiro, ele isentava toda a sua família da obrigação de sacrifício. Por mais que a Torá obrigou todos os judeus a sacrificarem carneiros, um único judeu podia representar e cumprir a obrigação de vários outros (que o nomeassem como “sheliach”). Nas palavras do Talmud: “Shlicho shel adam kemoto”. “O procurador de uma pessoa é como ela própria”.
Esses conceitos de sociedade e representação são a base do conceito de um povo e de uma nação. São a base de uma filosofia coletiva, onde existe um pacto social e uma obrigação mútua entre um grupo de pessoas. Parte do processo de virarmos indivíduos livres, é entendermos que fazemos parte de um povo, com o qual compartilhamos um passado e um futuro comum.
E é exatamente esse conceito que se esconde por trás de toda ofensa diplomática: quando o Chavez expulsa os enviados da Agência Judaica de Caracas, ele está enviando uma mensagem a todos os judeus do mundo, que são representado por eles. A mesma coisa com a decisão do juiz espanhol e os oficiais do exército de Israel. É exatamente por isso que a nossa resposta deve ser dura e exemplar. Por que nós somos homens livres.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Vida dupla X Vida ampla

Chame ele de sir, de rabino, ou de Ph.D: Jonathan Sacks. Dos seus vários livros, somente 3 foram traduzidos ao português, e um deles foi publicado pela Editora Sefer, em 2007: Para Curar um Mundo Fraturado. Coloco aqui um trecho em que ele transcreve a carta que um rav respondeu ao seu aluno, quando esse perguntou se fazer uma carreira acadêmica, fora do contexto religioso, seria levar uma vida dupla. O aluno temia abrir mão do sagrado estudo de Torá. Ai vai a resposta, que por si só dispensa comentários:

Quero dizer a você que, na minha opinião, as lutas internas sobre as quais você escreve têm sua fonte em uma compreensão equivocada do assunto. A impressão geral que se percebe de suas palavras é que você está agindo sobre o pressuposto de que procurar uma 'carreira secular' significa levar uma 'vida dupla'. Não preciso lhe dizer que eu nunca concordaria que você levasse uma vida dupla. Alguém que aluga um quarto para viver e ao mesmo tempo é hospede de um hotel certamente está levando uma vida dupla. Mas uma pessoa que aluga um apartamento com dois quartos não leva uma vida dupla, mas uma vida ampla.
Eu me lembro de uma visita que fiz a um hospital em Jerusalém, onde trabalhava um médico ortodoxo. Vi que se aproximou do paciente que estava prestes a operar. Perguntou a ele o nome da sua mãe, para que pudesse fazer uma prece pelo sucesso da cirurgia. Quando contei este episódio a um dos grandes Sábios da Torá em Jerusalém, ele exclamou: 'Que maravilha ser como um judeu assim, ter uma oportunidade tão grande de servir de veículo a gloria dos Céus!' Diga-me, querido amigo: um médico que está prestes a realizar uma cirurgia em um paciente e recita um salmo pedindo por sua recuperação plena está levando uma vida dupla?
Querido amigo, que D'us não permita que você veja a si mesmo como alguém que leva uma vida dupla. Nossos sábios dizem que 'Quem prolonga a palavra Um [echad, em hebraico, no Shemá], prolonga os seus dias e anos'. Assim, ao longo de sua vida, esteja entre aqueles que 'prolongam o Um' - focalizado na unidade, não na dualidade. Eu ficaria muito triste se isto não se tornasse claro para você. Uma série de pontos espalhados sem critério certamente constituem uma multiplicidade, mas o mesmo número de pontos ordenados ao redor de um único ponto central formam um círculo. Esta é a sua missão na vida - colocar o 'Um' no centro da sua vida. Então, você não precisará se preocupar com dualidades. Cada novo ponto que você acrescentar apenas aumentará o círculo. Mas sua unidade permanecerá"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cada um no seu nível

Ontem tive a oportunidade de assistir à final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, entre o Atlético-PR e o Corinthians. Pela sétima vez, o timãozinho foi campeão do maior torneio de futebol sub-19 do país. Apesar do 2 a 1 alvinegro, e das 3 expulsões no segundo tempo, o que mais me chamou a atenção no Pacaembu ficou fora dos 90 minutos. Fiquei espantado em como a molecada - os jogadores - comemorou o título da Copinha, e acho que só quem estava lá consegue entender quanta alegria.
Para um jogador profissional, um campeonato digno dessa comemoração é, no mínimo, um Brasileiro, uma Libertadores. Mas pense que, para aqueles garotos, o máximo que eles podiam fazer era serem campeões da Copinha - e mereciam comemorar, afinal de contas, isso é o que sonhavam os 88 times no início.
Pode parecer que faltam assuntos dos quais aprender lições, mas não posso deixar de escrever algo que me vem à mente desde ontem. Como escrito no Pirkei Avot (Ética dos Pais), não há nada nesse mundo do qual não podemos tirar um lição. Então aqui vou eu.
Do mesmo jeito, alguém que está em certo nível no judaísmo, deve se esforçar ao máximo para cumprir o que está a seu alcance. Não se pode cobrar de alguém que nasceu no Brasil em uma família não-religiosa o mesmo que se cobraria de uma criança que nasceu em Mea Shearim ou Bait Vagan (bairros religiosos de Jerusalém). Do mesmo jeito que em títulos, sempre é possível ganhar mais: mais mitsvót, mais estudos, mais kavaná (concentração) nas brachot e tfilot. Da mesma maneira, cada degrau na 'escada que chega até os céus' deve ser comemorado, mas sempre sem se esquecer de que é possível crescer cada vez mais - e esse é o nosso objetivo a cada momento que nos é dado. No entanto, a vantagem em relação aos jogadores de qualquer esporte é que, quanto mais tempo no caminho e quanto mais velhos ficamos, são o conhecimento, a experiência e a satisfação que se somam, ao invés das lesões e da falta de preparo físico.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Já está mais do que na hora de mudar

Na sinagoga, vemos essa semana que Moshe começa a luta para que os judeus saiam do Egito (valendo-se de meios diplomáticos e armas não convencionais). No jornal, os nossos soldados saíram de Gaza. Assim como o Faraó dava sinais de apaziguamento durante as pragas (e prometia libertar o povo judeu) mas depois voltava atrás, os palestinos também esquecem de quaisquer promessas e já aproveitam o atual período de trégua para se rearmarem. Infelizmente nós ainda não aprendemos a lição da História.

Aliás, os nossos sábios explicam que mais difícil que tirar o povo judeu do Egito, foi tirar o Egito de dentro do povo judeu. Em outras palavras: é difícil mudar a mentalidade de um povo que se acostumou a viver como escravo. Essa mentalidade explica o medo que o nosso povo teve de vir para Israel quando pecou com os espiões. O mesmo fenômeno ocorre hoje em dia. Temos o nosso país independente, mas ainda temos uma mentalidade dependente (como se diz em hebraico: "uma cabeça de exílio"). Desde que nossos soldados entraram em Gaza, Israel sofre muita pressão dos dirigentes, porém não respondemos a altura.

Por que quando a Rússia diz que "está preocupada com a situação humanitária em Gaza", não respondemos que "estamos preocupados com a situação humanitária na Chechênia"? Desde que começou a guerra, mandamos quase que semanalmente representantes ao Egito, que se enxerga como "o diplomata do Oriente Médio", para tratar sobre a "crise humanitária" e sobre o futuro controle na fronteira entre Gaza e o Egito. Por que o Egito não se deu ao trabalho de mandar uma única vez um representante a Tel Aviv? Aliás, por que nós não exigimos isso deles?

Há um consenso de que sempre que há uma negociação somos nós que devemos nos humilhar. Que o mundo pense assim é natural. Que nós concordemos com isso é assustador. Assim que saímos do Egito, D'us nos proibiu de voltar para lá (e esse é um dos 613 mandamentos). A partir da hora em que nos outorgaram a soberania, estamos proibidos de voltar a pensar como escravos. Nossos soldados deram a vida em Gaza para devolver a honra ao nosso Estado, e é imperdoável que nossos líderes joguem ela pela janela a troco de nada.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tá se escondendo do que?

Pare para pensar em quem foi Moshe. Aquele que cresceu no palácio do Faraó e manteve sua personalidade judaica. Aquele que foi a pessoa mais humilde a existir na face da Terra. Foi Moshe quem mostrou ao Faraó quem manda no mundo, foi Moshe quem D'us escolheu para abrir o mar. Ele conduziu o difícil e teimoso Am Israel no deserto durante 40 anos (eu não aguentaria nem um ano em qualquer cidade desenvolvida...). Por fim, mais do que tudo, foi ele quem ouviu e aprendeu toda a Torá (tanto a escrita como a oral) da 'boca' de D'us. Cada um desses motivos já seria suficiente por si só para mostrar sua grandeza. Imagine dois deles juntos, agora três, e agora todos eles juntos. Agora eu te pergunto: como é que uma pessoa dessa grandeza moral/espiritual foi proibida por D'us de entrar na prometida e esperada eretz Israel?!
Uma das respostas está na parashá que lemos na semana passada (eu sei que já postamos algo aqui, mas nunca é tarde, nem demais...). Moshe fugiu do Egito, foi para Midian, e lá ajudou as filhas de Itró. Elas o chamam para comer em casa, e quando o pai pergunta quem as ajudou, elas dizem que foi um tal egípcio. Na frase seguinte, lemos que Moshe já estava contente ao se sentar com Itró.
Para qualquer um de nós, não parece nada de grave. Mas para alguém do nível de Moshe, não fazer questão de corrigir as meninas e dizer "ei, egípcio não! Judeu!" foi um tremendo de um erro - e talvez por isso foi castigado e proibido de entrar em eretz Israel. É claro que tudo tem sua hora e não devemos falar qualquer coisa em qualquer momento. Mas em alguns casos do cotidiano não devemos ter medo nem vergonha de assumir a identidade do povo a que pertencemos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama na Casa Branca

Muitos estão com medo de como o novo presidente americano vai atuar em relação ao Oriente Médio, e mais precisamente, em relação a Israel. Alguns fatos me tranquilizam: (1) Barack Hussein Obama, descendente de muçulmanos, se converteu ao cristianismo; (2) o lobby que a comunidade possui na política americana continua forte; (3) Obama não  governa sozinho, depende de seus acessores e do senado, e (4) acima de tudo, o mundo sempre  vai ser governado por D'us e tudo o que ocorrer durante o mandato será o que Ele quiser.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Australian Open

Começou hoje um dos quatro grand slams, o aberto da Austrália. Hoje, que na verdade já foi ontem na terra dos cangurus. Com a diferença de 13 horas devido ao fuso, fica mais fácil assistir aos jogos da manhã (que passam lá pelas dez da noite) do que aos da noite (que passam às 6:30 da manhã). Entre os favoritos, estão o atual campeão Novak Djokovic, Andy Murray, o número 1 Rafael Nadal, Roger Federer, e o francês finalista de 2008 Jo-Wilfried Tsonga.
Os jogos estão sendo transmitidos pela ESPN internacional.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sim. É possível

Em tempos de guerra, vem à tona o conceito de Kidush HaShem. De acordo com o judaísmo há várias situações nas quais um judeu (ou um grupo de judeus) tem a oportunidade de fazer alguma ação que venha a "santificar o nome de D-us".
Essa idéia pode se manifestar de várias maneiras, e acho que nessa guerra uma delas ficou muito claro. É possível vencer terroristas que utilizam táticas de guerrilha! É possível vencer batalhas em terreno urbano! É possível lutar contra os jihadistas desse mundo!
O relativo fracasso dos EUA no Afeganistão e no Iraque, deram a impressão de que o mundo estava frente a uma nova ameaça que era impossível de ser vencida: a guerra (muitas vezes não declarada) contra terroristas, que embora fossem mais fracos do ponto de vista militar, tinham vantagens das táticas de guerrilha.
Os muçulmanos fanáticos de todo o mundo (e especialmente ao redor de Israel, vulgo "inimigo sionista") levantaram essa bandeira. Através de atentados seria possível dobrar os ocidentais infiéis, e as derrotas no Iraque (em 2005), Afeganistão (2001) e (de acordo com eles) no Líbano (em 2006), seriam provas de que eles haveriam encontrado a forma de subjugar todo o mundo ao Corão.
Porém nas últimas semanas Israel provou o contrário. É verdade: perdemos soldados (em Gaza) e civis (vítimas de mísseis), mas estamos conseguindo levar a cabo uma guerra contra o Hamas em seu próprio território. O que muitos acreditavam que seria o Vietnã israelense (dada a quantidade de túneis construídos pelos palestinos) se revelou uma vitória incontestável de Israel.
Se os méritos são exclusivos do nosso exército, e de sua disciplina? Felizmente não. É inegável a raça e a determinação dos nossos irmãos que lutam pelas vielas de Gaza (e dos heróis civis que vivem na retaguarda), mas a cada dia que passa ficam mais claros os milagres que ocorrem para as nossas tropas todos os dias a todo tempo. Bombas descobertas e neutralizadas no último instante. Minas que não explodiram. Tentativas de sequestro de soldados frustradas. A lista não termina.
Sem dúvida a guerra contra terroristas é dura e difícil, mas Israel está provando a todo o mundo, que com bastante disciplina e com a ajuda de D-us é possível vencer os chantagistas da Jihad (mesmo quando eles usam escolas, hospitais, ecudos humanos e mísseis com fósforo).

Ioiô

Pode parecer o maior dos clichês, mas é pura verdade. Chame ele de 'o mundo da voltas', 'tudo que vai volta', ou como preferir.Na parashá dessa semana, shemot, temos o nascimento daquele que um dia traria a Torá para esse mundo. De acordo com o decreto do Faraó, todos meninos recém nascidos deveriam ser jogados no Nilo. O poderoso e influente rei do Egito nunca imaginaria, no entanto, que o alvo de seu decreto seria um dia o líder do povo que afundaria também na água, seu até então super exército.Segundo a Torá, o mundo é regido de acordo com esse conceito: midá kenegued midá (ou medida por medida). E isso vale pra tudo. Quem sorri recebe outro sorriso, quem ensina também aprende, fulano é bom com as pessoas à sua volta e assim são com ele também. Pode demorar, as pessoas podem não perceber no momento, mas quem segue os caminhos certos sempre é recompensado. Alguém sabe cadê a descendência do Faraó e de todo seu império?

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Rav e Ph.D.

Recentemente li um livro do Rav e Ph.D. Norman Lamm, presidente da Yeshiva University durante quase 30 anos. Em 'Torá uMadá: Judaísmo e Conhecimento Secular' (ed. Sefer, 2006), o autor expõe e defende diversas maneiras de conciliar o estudo da cultura judaica aos estudos acadêmicos. São discutidos vários argumentos usados por aqueles que seguem a tendência de 'somente Torá', e os mesmos são rebatidos por Lamm, demonstrando sua visão de mundo mais aberta.
Coloco aqui um texto que ele usa para ilustrar os perigos de se fechar em seu próprio mundo e fingir que outras culturas (novas, mais abertas ou modernas) e problemas não existem, indicando que tal comportamento é um sinal de vulnerabilidade e medo, ao invés de segurança.
"O Pesadelo
Estou viajando em um automóvel confortável enquanto o clima lá fora é decididamente inclemente - as luzes ficam distorcidas e confusas na medida em que se refletem no asfalto molhado e o trânsito está pesado em ambas direções. As janelas estão bem fechadasm deixando para fora o ruído nervoso de buzinas barulhentas, freios guinchando e engrenagens rangendo. O sistema de ar-condicionado do automóvel cria um ambiente artificial de rara paz e conforto enquanto o rádio toca minha música favorita em som estéreo, e o metrônomo incessante dos limpadores de pára-brisa ditam o seu próprio ritmo obtuso. Por um momento - mais que um momento - eu permaneço distraído do mundo tumultuado que existe fora do carro. As luzes ofuscantes, a desordem e os ruídos irritantes evaporam da minha consciência enquanto desfruto da relativa tranquilidade dentro do meu carro. Meu olhar fixo desvia-se do pára-brisa e se volta gentilmente para as luzes delicadas que cintilam desde os seus seguros números digitais do painel autmoatizado como se fossem algumas estrelas. Sorrio por dentro, na medida em que a minha auto-hipnose repele com sucesso o pandemônio e os pergios do mundo lá fora, o caos perturbador do avanço pela rodovia ou o cruzamento urbano com os rugidos da estrada diante de mim. Imagino o interior do automóvel como um Mundo em si mesmo, meu próprio universo autocontido, seguindo suas próprias regras e buscando o seu próprio destino, seguindo em qualquer direção que desejar, um reino autônomo. Uma sensação de euforia faz com que as minhas pálpebras se fechem. De repente, o estrondo de um batida..."

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Parashá stuma

Amanhã é dia de falar chazak chazak venitchazek: terminamos a leitura de Bereshit desse ano. Aportuguesando, 'muito bem'. A última parashá do primeiro chumash é vaiechi, onde são contados os últimos momentos de Itschak. Todas as parashiot são separadas entre si por espaços de 9 letras, ou começam na linha seguinte. No entanto, essa é a única entre todas as 54 que não é separada - é uma parashá stumá, em hebraico, fechada.

Nossos sábios z"l explicam que o motivo é simples: com a morte de Yaakov, os olhos e corações dos seus filhos se fecharam. Eles não deram importância para as últimas palavras da parashá anterior, que diziam que os filhos de Yaakov (ou Israel) - literalmente, bnei Israel - já tinham muitas terras no Egito. Não somente tinham parte na terra do Egito, física, como também já estavam por dentro da cultura local, espiritual. Em outras palavras, estavam começando a se assimilar e esquecer dos princípios e ideais que aprenderam com o pai. Se estivessem com os olhos mais abertos, iriam ver que a escravidão não era algo tão distante - foi somente uma consequência.

Se eles fecharam os olhos para uma coisa que estava por vir, e se deram mal, a gente tem que aprender a ficar esperto também. O que falar então das situações em que as coisas estão claras, em baixo do nariz, e a gente nem percebe que a solução está bem ali? Basta abrir os olhos e encontrar a resposta.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Apple sem grandes novidades

Esta semana está ocorrendo a MacWorld Expo 2009, uma conferência que envolve produtores e clientes de produtos da Apple (ou Mac maníacos). Como de costume, a Apple fez sua apresentação, o keynote, mas dessa vez não foi Steve Jobs quem apresentou as novidades.
Muitos esperavam por notícias no iPhone - alguns acreditavam em expansão da memória para 32 GB (ou 64 GB no iPod Touch), enquanto outros em um possível lançamento de um iPhone Nano. Nenhuma das 3 novidades foi o que muitos esperavam: novos softwares iLife e iWork, um novo MacBook Pro, e mudanças na loja virtual de músicas do iTunes... Enquanto isso, esperamos pela próxima keynote.

Mudar as palavras

Coloco aqui um texto escrito por João Pereira Coutinho (jpcoutinho@folha.com.br), colunista da Folha. Seria bom se todos os brasileiros lessem, e quem sabe, muitos não seriam levados pela onda da mídia. É longo, mas vale a pena.
Mudar as palavras
ISRAEL ESTÁ novamente em guerra com os terroristas do Hamas, e não existe comediante na face da Terra que não tenha opinião a respeito. Engraçado. Faz lembrar a última vez que estive em Israel e ouvi, quase sem acreditar, um colega meu, acadêmico, que em pleno Ministério da Defesa, em Jerusalém, começou a "ensinar" os analistas do sítio sobre a melhor forma de acabarem com o conflito. Israel luta há 60 anos por reconhecimento e paz.
Mas ele, professor em Coimbra, acreditava que tinha a chave do problema. Recordo a cara dos israelenses quando ele começou o seu delírio. Uma mistura de incredulidade e compaixão.
Não vou gastar o meu latim a tentar convencer os leitores desta Folha sobre quem tem, ou não tem, razão na guerra em curso. Prefiro contar uma história.
Imaginem os leitores que, em 1967, o Brasil era atacado por três potências da América Latina. As potências desejavam destruir o país e aniquilar cada um dos brasileiros. O Brasil venceria essa guerra e, por motivos de segurança, ocupava, digamos, o Uruguai, um dos agressores derrotados.
Os anos passavam. A situação no ocupado Uruguai era intolerável: a presença brasileira no país recebia a condenação da esmagadora maioria do mundo e, além disso, a ocupação brasileira fizera despertar um grupo terrorista uruguaio que atacava indiscriminadamente civis brasileiros no Rio de Janeiro ou em São Paulo.
Perante esse cenário, o Brasil chegaria à conclusão de que só existiria verdadeira paz quando os uruguaios tivessem o seu Estado, o que implicava a retirada das tropas e dos colonos brasileiros da região. Dito e feito: em 2005, o Brasil se retira do Uruguai convencido de que essa concessão é o primeiro passo para a existência de dois Estados soberanos: o Brasil e o Uruguai.
Acontece que os uruguaios não pensam da mesma forma e, chamados às urnas, eles resolvem eleger um grupo terrorista ainda mais radical do que o anterior. Um grupo terrorista que não tem como objetivo a existência de dois Estados, mas a existência de um único Estado pela eliminação total do Brasil e do seu povo.
É assim que, nos três anos seguintes à retirada, os terroristas uruguaios lançam mais de 6.000 foguetes contra o Sul do Brasil, atingindo as povoações fronteiriças e matando indiscriminadamente civis brasileiros. A morte dos brasileiros não provoca nenhuma comoção internacional.
Subitamente, surge um período de trégua, mediado por um país da América Latina interessado em promover a paz e regressar ao paradigma dos "dois Estados". O Brasil respeita a trégua de seis meses; mas o grupo terrorista uruguaio decide quebrá-la, lançando 300 mísseis, matando civis brasileiros e aterrorizando as populações do Sul.
Pergunta: o que faz o presidente do Brasil?
Esqueçam o presidente real, que pelos vistos jamais defenderia o seu povo da agressão.
Na minha história imaginária, o presidente brasileiro entenderia que era seu dever proteger os brasileiros e começaria a bombardear as posições dos terroristas uruguaios. Os bombardeios, ao contrário dos foguetes lançados pelos terroristas, não se fazem contra alvos civis -mas contra alvos terroristas. Infelizmente, os terroristas têm por hábito usar as populações civis do Uruguai como escudos humanos, o que provoca baixas civis.
Perante a resposta do Brasil, o mundo inteiro, com a exceção dos Estados Unidos, condena veementemente o Brasil e exige o fim dos ataques ao Uruguai.
Sem sucesso. O Brasil, apostado em neutralizar a estrutura terrorista uruguaia, não atende aos apelos da comunidade internacional por entender que é a sua sobrevivência que está em causa. E invade o Uruguai de forma a terminar, de um vez por todas, com a agressão de que é vítima desde que retirou voluntariamente da região em 2005.
Além disso, o Brasil também sabe que os terroristas uruguaios não estão sós; eles são treinados e financiados por uma grande potência da América Latina (a Argentina, por exemplo). A Argentina, liderada por um genocida, deseja ter capacidade nuclear para "riscar o Brasil do mapa".
Fim da história? Quase, leitores, quase. Agora, por favor, mudem os nomes. Onde está "Brasil", leiam "Israel". Onde está "Uruguai", leiam "Gaza". Onde está "Argentina", leiam "Irã". Onde está "América Latina", leiam "Oriente Médio". E tirem as suas conclusões. A ignorância tem cura. A estupidez é que não.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Moral 100%

Minhas desculpas porque justamente na semana mais agitada desde que cheguei em Israel não pude escrever nada. O motivo: estive acompanhando um grupo de brasileiros como guia turísitico durante esses dias (uma das formas como um olê pode garantir o seu sustento nesse país de estrangeiros).

O rav Kook escreve que as guerras tem a capacidade de trazer a tona as características mais profundas de cada povo. A guerra é uma situação extrema onde cada povo tem a oportunidade de demonstrar quais são os seus valores mais profundos. Com toda a dor que existe em uma guerra, é lindo ver a força e a coragem que o povo judeu demonstra. Assim que começou o bombardeio a Gaza e foram lançados foguetes a Israel em resposta, várias famílias que vivem no centro e no norte de Israel anunciaram que estavam de portas abertas para receber famílias do sul que quisessem abandonar a zona de fogo durante a guerra. Porém mais bonito ainda foi ver a resposta das famílias do sul: "Nós não iremos abandonar as nossas casas!". Que povo tào especial é esse que está disposto a arriscar as vidas por esse pedaço de terra. Não estamos falando de soldados, mas de famílias de civis que entendem que eles também fazem parte da guerra, e que a coragem que eles demosntram é a maior derrota dos palestinos.

O Hamas acredita que Israel é uma sociedade que perdeu o idealismo e se rendeu ao consumismo ocidental descomprometido de quaisquer valores e ideais. Eles acreditam que os israelenses de hoje em dia não estão dispostos a sacrificar a sua qualidade de vida pelo ideal sionista. Eles acreditam que se nos bombardearem um pouco e dificultarem as nosssas vidas nós batiremos em retirada e abandonaremos esse canto do mundo. Essas famílias do sul mostraram que eles estão errados. Essa guerra que começou em Chánuka, iluminada com o fogo dos chashmonaim é uma prova de que o nosso povo é forte e corajoso e está regado por ideais.

Ontem as tropas terrestres invadiram a faixa de Gaza, iniciando uma nova fase nessa guerra que irá trazer de volta o orgulho aos habitantes do sul de Israel. Cada um dos soldados está lutando uma batalha pelo Kidush HaShem. Cada um deles está lutando para deixar claro que nós somos os soberanos dessa terra por direito e que nós não iremos abaixar a nossa cabeça para ninguém entre o Jordão e o Mediterrâneo. Que D'us encha o coração de nossos líderes, soldados e habitantes de coragem e bravura, e proteja a todos nós.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Amor de irmão: não tem preço

Em meio ao atual conflito, voltamos alguns milênios para aprender um pouco. Há uma semana comentamos sobre a primeira ida dos irmãos de Yossef ao Egito. Amanhã é lido o trecho em que os irmãos vão novamente para lá em busca de mais comida e em busca do irmão Shimon, que tinha ficado da primeira vez como uma garantia de que eles voltariam.

Os irmãos ainda não sabiam que o vice-rei era seu irmão, mas Yossef sabia muito bem quem eles eram. Ainda estavam gravados na sua memória e em seu coração todos os sentimentos que os irmãos tinham por ele - ciúmes, inveja, ódio - e ele sabia muito bem que eles tinham o vendido e inventado ao pai a mentira de que ele foi atacado por um animal. No entanto, uma coisa surpreende no segundo reencontro - e mais uma lição de como se comportar com os outros. Yossef iria confessá-los que o poderoso vice-rei era o mesmo irmãozinho que foi tacado no poço anos antes. Presentes na cena, os irmãos e alguns egípcios importantes. Antes de abrir o coração e contar, Yossef fez questão de retirar do lugar todos os estranhos. Só depois disso ele disse chorando "Ani Yossef" - Eu sou Yossef.

A princípio, nada de mais. Mas nossos comentaristas não deixam barato. Se maltratar um ser humano é algo ruim, nem precisamos falar o quanto é tentar matar um irmão (!): certamente, os irmãos iriam se envergonhar do que fizeram. Sabendo que seria assim, Yossef não queria humilhá-los na frente dos outros. Pense no quanto isso é grande: mesmo com todo o ódio que recebeu deles (não só na forma de insultos verbais, mas mais ainda por atitudes práticas) enquanto viviam juntos, Yossef agiu com amor máximo, sem fazer com que fossem humilhados em público.

Contra a parcialidade na blogosfera

Já publicamos aqui sobre o canal que o exército israelense abriu no YouTube e sobre o blog Vítimas de Gaza, que mostra a realidade israelense consequente dos mísseis vindos de Gaza.

Encontramos mais um blog que caminha em um sentido semelhante, de esclarecer os motivos das ações e operações israelenses em Gaza. Com vídeos, textos e infográficos, o blog Na Mira do Hamas nos ajuda (ou melhor, ajuda os que recebem informações e opiniões prontas e/ou distorcidas) a enxergar o conflito com outra ótica e a formar opiniões diferentes e divergentes. 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Nova Língua Portuguesa

A partir de hoje começa a valer a reforma ortográfica que ocorrerá nos países em que se fala a língua portuguesa. Se você está meio perdido em relação às novas mudanças, aqui vai um guia prático da nova ortografia.

Até o final de 2013, as duas ortografias serão aceitas. Portanto, quem for prestar vetibular e concursos públicos não deve se preocupar tanto. Mas só de pensar que muitas daquelas regras de gramática, que passávamos horas estudando, foram por água abaixo...