quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Mais contra-ataques (pela internet)

Não é só em Israel que há tentativas de mostrar o lado israelense da história pela internet (como comentamos na última postagem). Aqui no Brasil o blog Vítimas de Gaza tomou a iniciativa. Não entenda vítimas que estão em Gaza, mas sim vítimas dos ataques vindos de Gaza.

O blog colocou vídeos de terroristas lançando seus mísseis, e vídeos de suas conseqüências em território israelense. Vídeos que não vemos nos jornais nacionais (desculpa o trocadilho) ou nos sites de notícias. Destaque para o texto 'vamos fazer um desafio' na lateral direita do site. Vale a pena entrar, ver e ler.

Exército Israelense no YouTube

Segunda-feira, dia 29, as forças de defesa de Israel resolveram lutar em mais um campo de batalha: a internet. Como sabemos, na rede não faltam vídeos, blogs, sites de grandes canais que enfoquem mais o sofrimento causado pelos ataques israelenses. Em um tipo de resposta, a unidade responsável pelas relações públicas do exército, mostra através de um canal no YouTube que os ataques tem como alvo somente o Hamas.
Pelos vídeos é possível ver que Israel não está somente atacando, como ajudando em alguns casos, e também a precisão cirúrgica dos ataques. Alguns são filmados a partir de aviões ou helicópteros em ação, outros por câmeras nos próprios mísseis.

Coloco aqui um dos vídeos que mais me chamou atenção. Ontem, após mais de 10.000 visualizações, foi retirado do ar pelo YouTube. Mais tarde foi colocado novamente.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mais um do Shwekey!

Para quem curte o popstar mundial da música judaica, há uma novidade desde o dia 9 de dezembro. Depois de quase 2 anos sem lançar nada, Yaakov Shwekey seu segundo disco ao vivo: Caesaria. O show foi gravado no auditório da cidade no norte de Israel no mês de setembro.


Assim que fiquei sabendo, não tive a paciência de esperar alguém me trazer dos EUA ou de Israel. No site MostlyMusic.com, além de ser possível escutar alguns segundos de cada faixa, é possível comprar o DVD, o CD, ou as músicas em MP3. Assim fiz: mais barato, mais rápido, mais prático.

O disco é baseado nas músicas já conhecidas do cantor, principalmente as do último álbum, Leshem Shomayim. Como no Live in Paris, alguns medleys também. No entanto, há quatro novidades: (1) Vehu Keli, trecho do Adon Olam e música composta por Baruch Levine; (2) Anovim, em dueto com o cantor da música, Yossi Green. Entre as músicas novas, (3) Vehi Sheamda e (4) Shefa rav - típica do estilo Shwekey. Pra quem foi no show que teve no Brasil, até que dá para matar as saudades...

Fica aqui um preview do DVD:

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nada de estardalhaço

No desenrolar dessa parashá, Mikets, Yossef sai da prisão em que esteve por dois anos e desvenda os sonhos do Faraó. Por acertar na mosca, vira nada mais nada menos do que o vice-presidente do Egito, o mão direita do Faraó. Como previsto nos sonhos, se iniciam os anos de miséria após os sete anos de fartura. Todos ficam sem alimentos - fora o Egito, que armazenou muita coisa dos tempos de vacas gordas (será daqui, do sonho do Faraó, a expressão usada nos dias de hoje?).

Muito distante geograficamente, mas também em crise, Yaakov manda seus filhos descerem ao Egito para comprarem a comida lá guardada. Nossos sábios fazem questão de ressaltar que os dez irmãos foram recomendados por seu pai a entrarem na cidade dispersos, cada um por um portão. O motivo é simples. Um gringo já chama atenção. Dez estrangeiros andando juntos chamam muita atenção. Dez estrangeiros com dinheiro andando juntos chamam muito mais atenção.

Torá não é um conjunto de informações históricas para divertir as crianças ou nos entreter. Não é uma novela dividida em capítulos. Ela não é algo distante ou inatingível: nos foi dada para que cada um de nós possa aprender com seus ensinamentos do dia-a-dia e de comportamento. Modéstia, humildade, simplicidade, fugir da exibição, tsniut (ser discreto). Essas são características que todo Iehudi deve aprender com a história de seu povo e aplicar na própria rotina, sendo traços inseparáveis de sua essência.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Águas de Chánuka

Finalmente chegaram as chuvas. Depois de algumas semanas de espera (vários rabinos daqui decretaram, frente o quadro de estiagem, que era necessário acrescentar um trecho a mais na reza diária, pedindo por chuvas) abriram-se os alçapões do céu. Hoje cheguei encharcado no meu apartamento!

É difícil para filhos de um "país tropical abençoado por Deus" entenderem a importância da chuva. Alguém que fica preso por uma hora num engarrafamento nas marginais e tem a oportunidade de contemplar o volume imenso de água que é poluído e desperdiçado, inconscientemente acaba banalizando a importância da água. Lembro da sensação que acompanhava a chuva na cidade da garoa. A desilusão de ter que ficar em casa, ou de perder um fim de semana na praia. Quando vi as pessoas aqui em Israel, com um sorriso estampado na cara, e algumas fazendo questão de andar sem guarda chuva pra sentir na carne a tão esperada chuva, me dei conta de o quão infantil era a minha decepção tropical.

Porém a pergunta fica no ar: porque a terra que de acordo com a Torá foi escolhida e abençoada por D'us precisa ficar a mercê de estiagens? Se a terra é tão abençoada assim, porque D'us não colocou o Amazonas aqui no meio? Moshe foi o primeiro a descrever esse paradoxo, quando disse que "essa terra, na qual vocês irão entrar, não é como o jardim verde do Egito". Em outras palavras: o rio Yarden (Jordão) não chega nem perto do Nilo. Os rios e o regime fluvial representam os regimes cíclicos: as cheias e as entre-épocas. Por outro lado as chuvas representam o inesperado. A terra de Israel não se apoia em rios, mas em chuvas; ela se apóia na bondade de Deus. E a recompensa divina está condicionada ao nosso comportamento.

No Egito, todos tem a mesma recompensa: sejam bons ou malvados, a cheia do Nilo será idêntica a do ano passado. É como aquele pai que ao invés de gastar um tempo para o seu filho, lhe dá uma mesada gorda, coloca uma telvisão no seu quarto e assim se livra de qualquer chateação. Aqui em Israel pode ser que a nossa mesada não seja tão gorda, mas nós temos uma linha direta com o Manda-Chuva (nos dois sentidos). Porque quem ama, educa.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Você pode fazer mais


Não é raro eu sair às ruas e ver algo que me deixa muito, mas muito triste. Você também já deve ter visto, principalmente nas ruas do centro; eu chamo de homem-placa. Como a própria definição diz, um homem veste um banner de plástico (se encaixa no corpo semelhante a um grande Talit). É incrível como hoje em dia, se faz de tudo para conseguir anunciar algo. O auge foi quando eu vi, na semana passada, um papai noel vestindo uma placa. Um papai-noel-homem-placa.

Mas o que mais me deixa triste nisso é que se esquece toda a capacidade criativa que qualquer ser humano possui. Fomos presentados com cem bilhões de neurônios, que quanto mais 'treinados', melhor funcionam, genialmente e rapidamente entrosados. Rebaixar um ser humano e recompensá-lo por fazer o mesmo trabalho que um cavalete pode fazer (!) é algo que não entra na minha cabeça. Quando vejo um ascensorista tenho o mesmo sentimento.

Eu cresci com o conceito de que as pessoas devem ser recompensadas por fazerem trabalhos originais, criativos e que proporcionam o bem aos outros, quando elas transformam ideais e pensamentos em realidade. Mas, levando em conta a realidade em que vivemos, deveríamos ficar contentes quando as pessoas aceitam trabalhos como esses, e não piores.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Festa em Gaza

Essa semana o Hamas comemorou seus 21 anos de existência. Aproximadamente 150.000 pessoas saíram às ruas de Gaza para festejar com suas bandeiras, bonés e faixas verdes que representam a ideologia do Hamas. Em uma cerimônia com músicas e peças, tivemos um presente nem um pouco agradável: eles fizeram uma encenação tirando sarro de Guilad Shalit. Um terrorista do Hamas vestia a roupa do exército israelense, e imitava o soldado pedindo por liberdade. Shalit já em cativeiro há mais de 900 dias.
Por incrível que pareça, amanhã lemos na parashá de Vaieshev o que sofreu Yossef enquanto estava preso no Egito, e todas as ridicularizações que faziam em cima dele após o que ocorreu com a mulher de Potifar. Espero que da mesma maneira que Am Israel saiu do Egito, mesmo passando por muito sofrimento, Guilad também saia do cativeiro, porém mais rápido que seus antepassados - dois anos já foram mais do que suficiente para nos dar tristeza.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Indignação atemporal

Em geral, evito falar de política, mas a não ser que eu fosse um alienígena seria impossível deixar isso de lado depois dessa semana. Por dois motivos: O isralense adora política. Quando estudava na Poli, lembro que o único jornal que entrava na sala de aula era o 'Lance!': "política é coisa do pessoal da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas)". Acho que no mundo inteiro o campo das ciências exatas é um pouco alienado da política, mas aqui é um pouco diferente. Nem a faculdade de matemática se salva. Os números pertencem a partidos. E principalmente nessas semanas, quando a trégua com o Hamas termina, os mísseis voltam a cair sobre Sderot e as eleições se aproximam. Os partidos organizam as primárias (características do sistema parlamentarista, estranhíssimo para nós brasileiros... democrático demais).
Mas há um outro agravante nessa semana: Chánuca. O sionismo laico a transformou em uma festa cívica: um símbolo do espírito judeu que grita pela liberdade contra gregos opressores. As emissoras de televisão inserem o acendimento de velas na programação e as partidas de futebol nessa semana incluem o acendimento da chanukiá antes do jogo. Talvez muitos israelenses sequer saibam que há um mandamento de acender velas no Shabat, mas sem dúvida sabem a brachá do acendimento das velas de Chánuca.
Na minha humilde opinião, Chánuca vem exaltar o idealismo. É a derrota dos pragmáticos. Chánuca não foi apenas a vitória dos judeus sobre os gregos: foi a vitória dos judeus sobre os helenistas. Da minoria sobre a maioria. A beleza de Chánuca é que um senhor de idade chamado Matitiahu não estava disposto a aceitar a realidade como ela era. Apesar de sua idade, ele manteve a capacidade quase única dos jovens de se indignar. É óbvio que os velhos não se dispuseram a segui-lo. Os pragmáticos sempre estão dispostos a tachar qualquer idealista de fanático, mas os jovens (comandados pelos seus filhos, entre eles Yehudá HaMakabi) escutaram a sua voz e puderam trazer o orgulho de volta a Am Israel, e graças a eles acendemos as velas na semana que vem.
Queira D'us que esse Chánuca possa iluminar todos os nossos líderes. Como nas palavras do Milton Nascimento: "Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração... Pois não posso não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver. E não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal". Seja essa sacanagem um caso de corrupção, a imposição de outra cultura, ou mísseis caindo sobre Sderot.

The All American Rejects & Fall Out Boy

Para os fãs de música pop/rock/alternative. Essa semana foi quente em lançamentos de duas bandas norte-americanas bem destacadas nesse meio: The All American Rejects (AAR), e Fall Out Boy. As duas lançaram novos álbuns na última terça-feira, dia 16.

When the world comes down (clique para ver no iTunes) é o terceiro album dos AAR, e vem com pequenas diferenças em relação ao último disco (que tinha entre as músicas, Move Along, e Dirty Little Secret, que fazia parte da trilha sonora de malhação em 2006). Destaque para a música Gives You Hell, que já está como a mais vendida na sua seção no iTunes.
O novo disco do Fall Out Boy, Folie à Deux, também já está disponível nas music stores. A banda manteve seu estilo, e o som está ainda melhor: Folie à Deux está mais que recomendado.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Diga mais obrigado

Essa vem de uma das últimas parashiot, vaietsê. Pode parecer uma coisa óbvia depois de lida, mas poucos reparam na sua importância. Nascem os filhos de Yaakov, e, um por um, são explicadas as origens de cada nome. Um deles tem a ver com todo iehudi: Iehudá. É esse nome que irá marcar Am Israel para sempre. Segundo sua mãe, Lea, o nome tem a ver com agradecimento a D'us (em hebraico hodaá -> Iehudá
Até os dias de hoje, é isso que marca (ou deveria marcar) a vida de todo iehudi. Desde as primeiras palavras que falamos ao acordar, o modê ani, até o momento em que vamos dormir, nossas vidas são recheadas de reconhecer o bem que os outros nos fazem. Dar valor a cada atitude feita pelos outros, ou a cada segundo da vida, deve ser algo inseparável da nossa essência. Em hebraico, hodaá pode servir tanto como agradecer, quanto como reconhecer. Na realidade, ao reconhecer o bem que recebemos, automaticamente devemos agradecer. Em hebraico, chamamos a isso hakarat hatov - 'reconhecer o bem'.
Coisas que parecem simples e cotidianas - como respirar, comer, dormir e acordar, ter amigos - ao serem olhadas com as lentes do agradecimento, são muito mais valorizadas. Como em tudo no mundo iehudi, gastamos nossa energia e empenho pelos outros, mas, no fim das contas, quem sai ganhando somos nós mesmos. Agradecendo aos outros, é a nossa própria vida que melhora.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Palmas, muitas palmas!

Enquanto os corintianos comemoram a apresentação de Ronaldo no Parque S. Jorge, nós também temos motivos para comemorar. Em pouco mais de 40 dias no ar, nosso blog conseguiu atingir números bastante significativos.

Hoje, sexta feira, alcançamos mais de 1.000 visitas ao site, a partir de 550 visitantes diferentes, dos mais diferentes lugares: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Estados Unidos, Israel, e alguns países europeus.

Temos somente que agradecer aqueles que tornaram realidade o que antes eram somente idéias em nossas mentes. Leitores e divulgadores, fica aqui nosso muito obrigado a cada um de vocês!!! As palmas são para vocês.

PS: Para os que quiserem ajudar na divulgação, mande um e-mail para tudoabertamente@gmail.com que mandamos o banner do site.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

[filme] O menino do pijama listrado

Há algumas semanas escrevemos um pouco sobre o livro de John Boyne, O Menino Do Pijama Listrado. Como havíamos comentado, o filme produzido pela Miramax estréia nessa sexta-feira, dia 12.

Conseguimos assistir a uma das avant-première que rolaram por aqui. O filme é muito fiel ao livro, com pequenas alterações presentes em muitas adaptações do tipo. Mas ainda assim, é possível se surpreender com a semelhança com as imagens e cenas visualizadas durante a leitura. Se o livro já consegue tocar o coração do leitor, mais ainda é possível dizer sobre o filme. As partes que já eram fortes no livro (como o final), ficaram muito potencializadas com o jogo de imagens e de sons do filme. Apesar de muitos não gostarem da fusão ficção-holocausto e atribuírem esse termo ao filme, O Menino Do Pijama Listrado não lembra nem de longe o tom de comédia de filmes como A Vida É Bela.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pura matemática

Quando se falava sobre conquistas de campeonato brasileiro, durante toda minha infância, ouvia que "todo mundo tenta, mas só o flamengo é penta". As coisas estão diferentes hoje em dia. 

Convenhamos que temos que tirar o chapéu para o São Paulo, que ontem conquistou seu sexto título brasileiro, sendo o terceiro consecutivo (06-07-08). Mesmo torcendo contra, vestindo a camiseta do Grêmio e dando aquela secada no tricolor, nada adiantou. Os motivos são simples, e as conseqüências não poderiam ser diferentes.

O SPFC tem se mostrado um clube do mesmo nível daqueles grandes europeus. Possuem um dos melhores estádios do Brasil. A diretoria é competente e não faz parcerias com empresas que lavam dinheiro no Brasil. Jogadores de outros clubes (até da Europa) vem procurar o centro de reabilitação tricolor após lesões/cirurgias. Os outros clubes é que deveriam aprender com eles, para deixar de ter dirigentes corruptos que esquecem dos milhões de torcedores que têm sua vida influenciada por uma queda para a segunda divisão...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Podar a árvore

Essa semana se lê a parashá de Vaietsê, que descreve as atribulações de um judeu (vulgo Yaakov) na Síria (vulgo Iraque). Ele foge de seu inimigo mortal, Essav, e busca refúgio na casa de seu tio Lavan. Como na época não havia nenhum tipo de CLT ou outra lei trabalhista, Lavan se dá ao luxo de enganar várias vezes Yaakov explorando o seu trabalho de qualidade. Lavan era ao mesmo tempo chefe e sogro (já imaginou?).

Na Hagadá de Pessach há um trecho muito interessante no qual dizemos que Lavan foi muito pior do que o Faraó, porque Faraó “havia decretado a morte apenas aos bebês homens, porém Lavan quis arrancar tudo” (sic). Por mais marxistas que sejamos é difícil de entender porque a Torá enxerga a personalidade de um chefe cruel pior que a de um déspota genocida. O maior problema de Lavan era a sua capacidade de manipular e omitir a verdade. E essa característica não se revelou apenas no referente aos pagamentos: quando Yaakov decidiu fugir para Israe levando consigo seus filhos de volta a casa de seu pai, foi surpreendido por Lavan: “Como você pode partir sem deixar-me beijar os meus netos e minhas filhas?!”.

Lavan era capaz de se mostrar como um amigo e uma pessoa razoável. Ele era capaz de se mostrar como um avô carinhoso. Esse é o perigo que ele oferece. Existem dois tipos de inimigos do povo judeu. Um deles é como o Faraó e Essav. O ódio é declarado e a animosidade se revela ainda na barriga da mãe. Eles podem almejar matar-nos, e atirar todos os nossos filhos ao mar, mas por mais que possam nos machucar, não tem a força necessária para nos aniquilar; por mais que possam promover um Holocausto não podem impedir a fundação de um Estado Judeu em 1948. Am Israel é comparado a uma árvore. Por mais que se corte um galho, a árvore persiste.

Porém Lavan queria arrancar a árvore até as últimas raízes. Uma árvore assim não tem a menor chance de sobreviver. Lavan não queria matar Yaakov. Ele só queria impedi-lo de voltar a casa de seu pai. Ele só queria beijar seus netos mais uma vez. Ele só queria que seus netos crescessem de acordo com os seus valores; estudassem nas suas escolas; casassem com os seus parentes. Ele só queria que a família de Yaakov assimilasse a sua cultura e a seu povo. É difícil para um judeu entender que às vezes é necessário esquivar-se de um ambiente que não lhe pertence, e voltar para a casa de seu pai. Afinal de contas Lavan é o nosso avô “carinhoso”. O anti-semitismo é terrível, porém uma sociedade aberta e tolerante nos obriga a sermos cuidadosos. É preciso saber quem é Lavan e quando chega a hora de voltar para casa.

Não à falsidade

No último sábado foi lida a parashá Toldot. Nela se conta sobre a descendência de Itschak, seus filhos Yaakov e Esav. Um detalhe interessante chama atenção.

Quando é narrado o casamento de Esav, aos 40 anos, nossos sábios o comparam a um porco. Isso mesmo: ao animal tido por muitos como o mais grave de se comer. Antes de se casar, Esav saía com mulheres casadas e cometia um dos 3 pecados que um judeu deve dar a vida ao invés de trasngredir: relações proibidas. Após 'se cansar' dessa brincadeira, ele resolveu se casar. Mais falso, impossível. Com o porco, temos o mesmo. Ele nos mostra sua pata - que é de acordo com a lei de kashrut - mas seu sistema digestivo não (por não ser um animal ruminante). Por fora se diz kasher, mas por dentro é taref. No fim das contas, ele é taref. Mais falso, impossível.

Acredito que seja esse um dos motivos porque o porco é tão evitado. É isso que a Torá quer que a gente evite ao máximo. Nada de dizer uma coisa e pensar completamente o oposto. Nada de falsidade.

domingo, 30 de novembro de 2008

Mais amor

Na reza adicional de Rosh Chodesh (mussaf do início do mês), nós dizemos. "Rashei Chodashim leamcha natata, zman kapará lechol toldotam, bihiotam makrivim lefanecha zivchei ratzon" ("Você [D-us] deu rashei chodashim para o seu povo. Um período apropriado para a expiação dos pecados de seus descendentes. Quando eles sacrificaram perante Você os seus sacrifícios".

Mas "Mipnei chataenu galinu meartzenu" ("Graças aos nossos pecados, fomos expulsos de nossa terra"). Portanto hoje em dia nós não temos mais nosso Bet Hamikdash (Templo), nem um altar aonde possamos fazer os sacrifícios, e a reza de mussaf que nós fazemos no Rosh Chodesh é um pálido substituto dos sacrifícios. Os nossos sábios explicam que o segundo Templo foi destruído pelo ódio gratuito (sinat chinam) e que o terceiro só será reconstruído através de amor gratuito (ahavat chinam). Toda geração que não tem o privilégio de ver o terceiro Templo reconstruído equivale a geração na qual o segundo Templo foi destruído. Ou seja, se nós ainda não temos o Bet HaMikdash hoje em dia, é porque ainda sofremos da mesma doença que destruiu o anterior há 2000 anos: o ódio gratuito.

E numa realidade imperfeita como a nossa, quando não existem sacrifícios que possam expiar os nossos pecados, são os judeus mais puros que assumem o papel do "bode expiatório" (o bode que era sacrificado no Templo em todas as festas e nos rashei chodashim). Esse foi o segundo Rosh Chodesh em menos de 12 meses que foi regado pelo sangue de yehudim exemplares. Korbanot Tehorot. Em Adar (março), foram os 8 alunos de Merkaz haRav, e sexta feira foram os yehudim do Beit Chabad de Bombai. Um dia alegre tomou um tom trágico e de desespero.

Porém Kislev é o mês de Chánuca. Um mês cujo final dele promete luzes. E se sexta feira pudemos ver um dos piores efeitos colaterais da sinat chinam, nesse shabat eu pude ver um exemplo incrível de ahavat chinam. Passei o shabat em Efrat (uma cidade ao sul de Jerusalém, que foi fundada por judeus que fizeram aliá dos EUA). Foi um shabat organizado para pessoas que passaram ou estão passando por um processo de conversão. Eu junto com mais uns amigos da Yeshivat HaKotel fomos convidados para ajudar a criar uma atmosfera de shabat (com músicas, dança, e algumas palavras de Torá). Nós fomos chamados para dar, mas acabamos recebendo. O rabino responsável pelo instituto, o rav Birenboim, e sua mulher Renana, me mostraram como é possível traduzir em ações práticas o conceito de ahavat chinam. Eles acompanham as pessoas não apenas durante o processo de conversão, mas também depois dele, e cumprem uma das mitzvot mais importantes da Torá: a de respeitar o convertido. Conforme a mulher do rabino explicou: eles fazem o papel de parteiros, e são as próprias pessoas que dão a luz a si próprias, pois converter-se é comparado a um renascimento. Eles são parteiros e a cada parto ganham um irmão.

Talvez se houver mais alguns casais como esse em Bnei Israel, no mês que vem, não nos contentaremos apenas com uma tefilá de mussaf.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Tristeza em Mumbai


Ontem circularam vários e-mails pedindo para que fossem feitas rezas pelo casal de Shlichim que trabalhava há 5 anos no Beit Chabad de Mumbai, na Índia. O motivo: terroristas entraram lá entre outros locais, e fizeram o casal, seu filho que cumpre hoje (28/11) 2 anos e mais 3 a 5 pessoas como reféns. A babá de Moshe, filho do casal, conseguiu escapar com a criança. Fui dormir e acordei com as expectativas de que a operação indiana minimizasse ao máximo a tragédia.
Hoje é Rosh Chodesh Kislev (o primeiro dia do mês em que comemoramos Chanucá), um dia alegre no calendário judaico. Eu esperava ouvir notícias melhores. Ao meio-dia já era possível saber pelos sites dos grandes canais de notícias CNN e BBC que a polícia local encontrou 5 corpos no local, entre eles alguns terroristas. A esperança que o casal estivesse vivo continuou até o momento em que foram confirmadas as mortes do Rav Gabriel Holtzberg Z"L (29) e sua esposa Rivka Z"L (26). A família de Rivka foi hoje de manhã para a Índia junto com as forças de socorro (Zak"a) enviadas por Israel e estão com a criança.
Mais uma página triste na história da humanidade e de Am Israel. O que me parte mais ainda o coração é o fato de esses rabinos do Chabad estarem dispostos a abrir mão de seus confortáveis locais de origem (Gabriel morava em no bairro de Crown Height, NY) e irem para os locais mais fim-de-mundo para trabalhar por um só objetivo: divulgar o orgulho de ser Iehudi, fazendo isso com o maior amor do mundo e ajudando qualquer um que estiver a seu alcance. Quem conhece algum rav Chabad pode afirmar com certeza que eles não seriam diferentes - israelenses viajantes pela Índia confirmam.

Que eles descansem em paz perto de D'us e colham os frutos do trabalho e da vida que viviam com muito amor. Iehi zichram baruch - que suas lembranças sejam abençoadas. Que o mês de Kislev venha com notícias alegres.

iluminar de pouco em pouco

Semana passada lemos a parashá Chaiei Sarah, que começa contando sobre a morte da mulher de Avraham. Um dos outros assuntos abordados é a busca de uma noiva para Itschak, filho de Avraham. Ele manda seu ajudante ir procurar uma mulher para seu filho. Um detalhe interessante é que quando seu ajudante viaja para procurá-la, faz um pit-stop para beber água. Vai para um dos poços com seus 10 camelos, e decide que a mulher que servisse um copo de água a ele e seus camelos - simplesmente isso - seria escolhida para Itschak.

Isso frisa mais uma vez a importância dada pelos judaísmo de pequenos atos que devem ser feitos constantemente. Ouvi uma comparação interessante: postes de iluminação da rua iluminam mais fazem muito melhor às pessoas do que fogos de artíficio. Existem boas ações que fazem muito barulho, saem nos meios de comunicação e parecem ser coisas muito grandiosas. O que a Torah nos fala é justamente o contrário: cuidar de servir e tratar bem as pessoas no dia-a-dia faz muito mais diferença.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

[Livro] Assim nasceu Israel - Lançamento

Dia 29/11, sábado, às 19h45, em Curitiba, será lançado oficialmente o livro "Assim nasceu Israel", de autoria do diplomata guatemalteco Jorge García Granados. Escrito em 1949, só agora traduzido para o português pelo jornalista Szyja Lorber em parceria com a bioquímica Sara Schulman, e é o primeiro relatório detalhado, feito por uma testemunha que viveu o que a Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina (UNSCOP) encontrou na Terra Santa, como e porque se decidiu pela partilha e como nasceu Israel. O lançamento acontecerá na Livraria Saraiva do Shopping Crystal Plaza, Rua Comendador Araújo, 731, Batel. Haverá palestras sobre o tema com o jornalista Aroldo Murá Gomes Haygert e com o professor Antonio Carlos Coelho
 
Granados foi o primeiro embaixador da Guatemala em Israel e instalou a embaixada em Jerusalém. Décadas mais tarde, a Guatemala, sob pressão internacional mudou a embaixada para Tel-Aviv.
 
No ano passado, Israel reuniu os descendentes dos representantes latino-americanos que participaram na UNSCOP e da votação da partilha para um evento especial pelos 60 anos da decisão da ONU. Foram recebidos pelo presidente Shimon Peres, inauguraram uma praça e participaram de um almoço no Ministério das Relações Exteriores. O bisneto de Granados foi escolhido para falar em nome dos homenageados. E surpreendeu a todos com uma declaração que dizia que ele "se sentia muito honrado em ser descendente de alguém escolhido por Deus para o ser o instrumento de Sua promessa de dar povo judeu a terra de Israel".

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Entre um ônibus e outro



Me mudei pra Chaifa, mas (graças ao bom D'us) é impossível esquecer Yerushalaim. Por isso, preciso voltar pra cidade das pedras no Shabat. Descobri que exitem algumas linhas de ônibus da Egged (a maior compania de ônibus de Israel), que servem ao consumidor charedi (também conhecidos como ultra-ortodoxos) da cidade de Chaifa. Elas saem diretamente do bairro charedi Vijnitz (com um ponto de ônibus que fica providencialmente próximo ao Technion) e levam à Yerusahalaim, Bnei Brak e Ashdod. Observação interessante: as passagens custam quase 40% a menos que nas linhas convencionais. Isso se deve à lotação dos ônibus e a inexistência de passageiros com direito a descontos na compra de passagens (entre os charedim há menos estudantes universitários, e soldados - esses últimos isentos de pagar qualquer passagem de ônibus).

A suprema corte está ameaçando baixar uma liminar proibindo essas linhas sob o argumento de que elas promovem uma segregação e uma discriminação, pois reduzem o contato entre charedim e não religiosos, que agora nem precisam ter o incômodo de se encontrarem na estaçào de ônibus. (O argumento é válido, mas é óbvio que a suprema corte nunca se daria ao trabalho de proibir uma linha equivalente que servisse a população não religiosa. Ao lado de todo esse discurso repousa um pouco do já sabido sentimento anti-religioso dos juízes da suprema corte).

Enquanto nada é decidido, eu me aproveito dessa associaçào entre as leis de Moshe e a lei da oferta e procura, e promovo a integraçào entre o setor sionista-religioso e o setor charedi. Detalhe interessante: apesar de todo a argumentação sobre segregacionismo e discriminação, peguei um ônibus cujo motorista era árabe, e era conhecido de todos os passageiros com chapéu, capota e peiot, que o cumprimentavam com muito entusiasmo. Parece que a distância entre Mea Shearim e a suprema corte se tornou maior do que a entre Ishmael (árabes) e Itzchak (judeus).

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Voltando às fronteiras


Domingo à noite fui a um casamento em Jerusalém. Muito bonito por sinal. Ambos os noivos eram Olim Chadashim (o noivo do Uruguai e a noiva do Brasil), e a Chupá e a festa foram no kibutz (ou ex-kibutz) de Ramat Rachel. Esse é o bairro mais ao sul de Yerushalaim. A sul dele fica a cidade de Beit Lechem (vulga Belém), onde está enterrada Rachel (que inclusive dá o nome ao kibutz). É verdade que qualquer túmulo antigo emociona um judeu (e quanto mais antigo, mais emociona, em uma função de derivada positiva, crescente e monotônica), mas o Kever Rachel é especial em alguns aspectos.

Naquele lugar as emoções se confundem. Rachel faleceu enquanto dava à luz Biniamin, o único filho de Yaakov que nasceu em Israel – o caçula queridinho por todos os outros irmãos. O pai da tribo em cujo território ficava Yerushalaim e o Beit HaMikdash (templo). Tristeza e esperança ao mesmo tempo. Essas sensações continuam se confundindo nos últimos 60 anos, pois esse kibutz, que hoje em dia floresce e é palco de casamentos, até 1967 ficava na fronteira com a Jordânia e perto do lugar onde foi a Chupá existe uma escultura pelos soldados que caíram nas batalhas travadas em 48 e 67. Enfim é possível misturar as lágrimas de alegria com as de tristeza.

Irmiahu, o profeta, descreve que quando o povo judeu foi levado à diaspora nos dias dos babilônios, eles passaram na frente do túmulo de Rachel, e ela chorava pelos seus filhos que eram levados embora. Porém o profeta não para por aí e avisa a sua mãe: "Que a sua voz pare de chorar e os seus olhos não tenham mais lágrimas. Pois existe um mérito pelas suas ações, e seus filhos voltarão a suas fronteiras" - Veshavu banim ligvulam. Yerushalaim por si só já é um lugar apropriado para casamentos, conforme cantamos em qualquer cerimônia de casamento (seja em Beer Sheva, em Madrid ou em Higienópolis), "Od ishama beharei Yehuda ubechutzot Yerushalaim, kol sasson vekol simchá, kol chatan vekol kalá", mas é difícil imaginar um lugar melhor que Ramat Rachel para um casamento entre dois yehudim que voltaram para as suas fronteiras.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

[Livro] O menino do pijama listrado

Você já parou pra imaginar o que uma criança alemã pensava sobre a segunda guerra mundial? É com base nessa idéia que John Boyne desenvolve a trama do livro: ele narra as conseqüências ao pequeno Bruno da mudança de sua família, da grande Berlim para uma cidade isolada. Lá, Bruno se vê em uma nova rotina, sem seus amigos, mas por outro lado uma série de perguntas surgem sobre a realidade da nova casa. O livro surpreende o leitor diversas vezes com os simples e inocentes comentários de Bruno - como o de achar que prisioneiros de um campo de concentração vestem pijamas listrados.

O livro ganhará um filme - o trailer você pode conferir abaixo - cuja lançamento está previsto para dezembro desse ano (isso nos Estados Unidos...). Recomendo para quem ainda não leu o livro que não veja o site do filme nem o trailer - antes é melhor deixar a imaginação rolar solta através da leitura das 186 páginas do livro.




quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Se não me querem...

Ontem à noite, aqui no Technion, organizaram um encontro dos estudantes religiosos (acho que essa é uma das classificações mais relativas que existem; enfim - um encontro para aqueles que chamam a si mesmos de religiosos). Para abrir a noite o rav Zini, o rabino do campus, deu uma breve introdução histórica sobre a situação religiosa no Technion desde que ele chegou aqui, há 38 anos atrás (na época como um doutorando em matemática). Ele nasceu na França, filho de uma família de rabinos, e se graduou e fez um mestrado em matemática. Quando tinha uns 20 anos decidiu fazer aliá e sua intenção era concluir o doutorado em Israel. Ele mandou cartas para várias instituições, entre elas o Technion. Ele nos contou que na foto que ele anexou a carta ainda não tinha barba. Depois que fez aliá, deixou a barba crescer.

Quando chegou à primeira entrevista com o responsável pelo departamento de matemática do Technion (na época um judeu extremamente anti-religioso), entrou no escritório barbado e de chapéu, e se apresentou como Eliahu Zini. O professor exclamou abismado, com a indignação de alguém que fora enganado: "Mas na foto você não tinha barba!". Após essa cena o rabino tirou a sua conclusão: "Quando eu senti que não era bem vindo, entendi que era meu dever ficar aqui".

Uma regra interessante. Foi devido a ela que hoje em dia existe uma sinagoga e um centro de estudos judaicos aqui no campus. Também foi devido a essa insistência que hoje em dia existem 400 alunos religiosos em uma universidade que antigamente era um território muito hostil a eles. Ainda existem pontos a serem melhorados - por mais que a nova geração aqui em Israel não conserve tantos sentimentos anti-religiosos como a anterior - e muitos professores odeiam o rabino. "Essa é a maior prova de que eu ainda preciso ficar aqui!". Eu me identifico bastante com essa regra, mas costumava enunciá-la de uma maneira um pouco diferente: entre dois caminhos, escolha o mais difícil, porque nele você pode ter certeza que está crescendo. Quando as coisas estão fáceis demais é porque estamos descendo

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Abrir a casa

Como as coisas são mais simples do que a gente imagina. Para quem pensa que cumprir mitzvót é algo distante, difícil e de outro mundo, aqui vai uma pequena lição que ouvi da parashá do próximo shabat: Vaierá. No terceiro dia após sua circuncisão, Avraham está se recuperando do dia pós-brit mais difícil na sua tenda, quando recebe uma visita de ninguém menos que D'us. Mas mesmo assim, Avraham decide sair da tenda, levantar suas 4 paredes em busca de hóspedes. Três anjos que passavam por perto, obviamente não por acaso, são convidados a entrar. Lá dentro, Avraham lhes serve bem com tudo que um viajante necessita (quem já ficou meses fora de casa entende bem): comida, bebida e uma boa cama. Isso sem falar em uma boa companhia.

Como se não bastassem as inúmeras fontes da literatura judaica que enfatizam a importância do assunto, Avraham nos ensina mais uma lição. Pare pra pensar no quanto é importante a mistvá de receber visitas (hachnassát orchim). Mesmo nas piores condições físicas é melhor deixar de lado a presença divina (que fazia bem ao próprio Avraham) para realizar a vontade divina aqui na Terra (proporcionar a bondade aos outros). Não estamos tratando de estudar conceitos não tão aplicáveis hoje em dia, assuntos complexos, ou qualquer outra ação que depende de muitos ítens na formação cultural de uma pessoa. Basta abrir o coração e as portas de casa. As simple as that.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cuidado com o MP3

Ontem foi lançada uma nova campanha com o objetivo de preservar a capacidade auditiva. O assunto tem se tornado preocupante desde os últimos anos: cada vez mais tem sido possível escutar mais músicas, durante mais tempo, e em volumes mais altos. Colocar centenas de músicas e CDs em aparelhos MP3 com autonomias de mais 5 de horas torna muito mais difícil tirar os fones do ouvido. Tudo isso aliado a um volume alto e aos pequenos fones intra-auriculares vira um grande fator de risco para perdas auditivas irreversíveis – aí não dá mais pra voltar atrás.

No site da campanha é possível ver algumas explicações, vídeos, e curiosidades, como comparações entre os 120 decibéis que um MP3 player pode atingir, os 110 Db de uma serra elétrica e os 105 Db que uma furadeira produz. Em termos mais práticos, o recomendado pela campanha é que não se passe da metade do volume máximo que o aparelho pode chegar, nem que as pessoas ao redor escutem o som. Alguns estudos acreditam que se não forem tomados os devidos cuidados, a geração iPod pode chegar a ouvir muito mal na casa dos 30 anos - muito antes de ganhar cabelos brancos.
Eu sempre tento avisar as pessoas pra tomarem cuidado, mesmo que me olhem com aquele olhar 'lá vem ele de novo'. Em geral, poucos me ouvem. Mas ainda assim insisto e prefiro que me ouçam agora a não ouvirem bem o que os outros falam daqui alguns anos...

domingo, 9 de novembro de 2008

Juntando os estilhaços


Exatamente 70 anos atrás. Oficiais do exército alemão saíam à paisana nas ruas do terceiro Reich com o objetivo de causar o maior dano possível a sinagogas, lojas e casas de iehudim, além de levá-los aos campos de concentração. Após algumas horas, o resultado já era assustador. Me sinto mal em escrevê-los aqui simplesmente como números: não é possível estimar o valor interminável de um iehudi, de um beit haknesset, de uma família unida. Em somente uma noite, 92 iehudim foram assassinados, 200 sinagogas foram queimadas, 25.000 iehudim foram presos e levados aos campos, e centenas de lojas e casas foram saqueadas. Os estilhaços dos vidros desses estabelecimentos deu origem ao nome desta famosa data, a Kristallnacht (a noite dos cristais).

No mesmo dia 9 de Novembro, foi inaugurado um novo beit hanesset em São Paulo. As mesmas letras dos rolos da Torá que queimavam há 70 anos estão presentes nos novos sifrei Torá com que a sinagoga foi presenteada. O mesmo fogo que consumia tudo naquela terrível noite, hoje mantem mais uma chama do judaísmo acessa, iluminando a comunidade. Enquanto vidas eram levadas para os céus, hoje muita vida foi trazida diretamente dos céus para a Terra enquanto se dançava com a Torá  e com outros iehudim na comemoração. Com muita paciência, estamos juntando os cristais quebrados por aqueles que nos desejam a morte, celebrando a vida acima de tudo e construindo assim encantadores vitrais. Pessoas de vários lugares da comunidade, rabinos de diversas sinagogas estavam unidos por uma mesma alegria: a de manter a continuidade do nosso povo esteja ele onde estiver. Mazal Tov!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Até parece de propósito. Quando o segundo semestre está chegando ao fim no Brasil, nós começamos o primeiro semestre aqui em Israel (ou igual eles chamam aqui, o semestre do inverno de 5769. Acho que foi uma das poucas vezes que notei o calendário judaico sendo usado entre não-religiosos aqui em Israel).

Essa semana me mudei de Yerushalaim para Haifa (ou Cheifa, como descobri que os israelenses chamam a cidade). Dois mundos bem diferentes entre si. É verdade, as duas cidades ficam em montanhas. Mas as semelhanças param por ai. Uma fica no meio das montanhas de Yehudá e a outra tem vista pro mar (e que vista!). Uma é a cidade das pedras e a outra, das árvores. Uma é o umbigo espiritual do mundo, a outra o umbigo industrial de Israel. Pra realçar um pouco mais o contraste, saí do ambiente de uma yeshivá para o ambiente de uma universidade.



No meio de todas essas mudanças me deparo com a parashá das mudanças: Lech Lecha! O Netziv de Volozhin tem uma idéia muito bonita: ele explica que conforme Avraham conseguia superar os desafios que surgiam, adquiria habilidades que iam ficando incrustadas em sua identidade. Cada um desses desafios era um brit, um pacto. Um pacto que D’us reafirmou varias vezes com Avraham. Uma demonstração, e ao mesmo tempo, uma evolução no vinculo entre ambos, que ficava cada vez mais intenso.



Um pacto é uma interação entre D’us e um homem, onde alguma característica é modificada ou acrescentada ao homem. Pois bem, cada desafio pelo qual Avraham passou modificou sua essência e lhe acrescentou novas qualidades. O Netziv desenvolve essa idéia e explica que todas essas qualidades adquiridas foram transmitidas aos filhos de Avraham: a Bnei Israel, e que as forcas extraordinárias que nosso povo demonstra para construir e se reerguer frente às situações mais difíceis, vem desses desafios que Avraham superou. A primeira delas foi sua mudança de Charan para Eretz Cnaan. "Lech lecha meartzecha" - Sai da sua terra.



Mudanças, não importa de que tipo sejam, são eventos traumáticos. Pode ser uma mudança de uma cidade para a outra (ou de um país para outro), pode ser uma mudança de um curso para o outro, ou ainda, a mudança de um estilo de vida para outro. Não importa qual seja a mudança, ela sempre irá envolver a quebra de um referencial. Avraham adquire uma habilidade de sempre encontrar um referencial absoluto, que era válido para todas as circunstâncias (assim como a velocidade da luz...). Avraham desenvolveu uma fé completa em D’us que lhe permitia encarar qualquer situação ou cenário como se fosse apenas uma pequena variacao de um mesmo jogo.



Incrivelmente, quando acordei hoje de manha, aqui em Cheifa (a uns bons 120 km de Yerushalaim e uns 6 mil km da cidade da garoa) fui pro Beit HaKnesset que existe aqui no campus e encontrei o mesmo minian com a mesma tefilá, e os mesmo sidurim que eu via no Brasil ou em Yerushalaim. Um baita de um referencial. Alias, o Beit HaKnesset daqui é lindo, e é o primeiro que eu conheço onde a pia pra lavar as mãos dos cohanim é ativada por um pedal no chão. Uma sinagoga em uma universidade de engenheiros precisava ter alguma inovação, né?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

In us God trusts

No último shabat passamos pela parashá de Noach. Acredito que seu conteúdo vai além dos fatos históricos nela contidos. Algumas coisas me chamaram a atenção e vêm ressaltar algo que poucas pessoas notam no judaísmo: a confiança de D'us na humanidade.

Na geração de Noach "os pensamentos das pessoas eram somente maldade". Dizem nossos sábios que não havia limites para as ações de ódio, indiferença e desrespeito ao próximo. Cometiam erros no plano físico. A outra geração que é descrita é a da torre de Babel - conhecida também como dor Haflagá. Em uma atitude de arrogância e ousadia, queriam chegar até os céus para se sentirem, como se fosse possível, como D'us. Cometiam erros no plano metafísico. As ações dessas gerações, juntas, vão contra Seus mandamentos (falta de temor/amor à D'us) e contra fazer o bem às outras pessoas (falta de amor ao próximo). Por duas vezes D'us teve todos melhores motivos para desistir da sua criação máxima, a humanidade.

Mas mesmo assim, com tanta maldade, Ele segue agindo com bondade e ainda acredita no poder que as pessoas têm de fazer o bem. Isso não ocorreu somente após aquelas gerações: ocorre a cada momento em que o mundo se mantém, a cada respiração, a cada nascer do sol. No judaísmo, tão importante quanto a gente acreditar Nele é ter noção da grandeza de Ele acreditar em cada um de nós. Quem sabe assim a gente não deixe passar em branco as oportunidades de agir corretamente, fazendo a diferença em cada instante.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Matisyahu de volta

Adoro Matisyahu. Letras inteligentes, que fogem da inércia, com um toque sutil de alguns conceitos importantes do judaísmo são encaixadas harmoniosamente no reggae pelo artista de Crown Heights, NY. Com a imagem de um chassid Chabad, com direito a chapéu e longos fios de tsitsit pra fora da calça, Matisyahu envolve o público pluralista em seus shows através do beatbox, de versos cantados em hebraico ao som dos melhores nigunim (ritmos judaicos), e da música em que não esquece seu povo, sua terra e sua cultura de atitude. Apesar de muitos ortodoxos criticarem seu trabalho, considero-o um exemplo: comida kasher nas turnês, nada de show no shabat, uma mensagem muito bonita na música, e participação com outros artistas, independente de cor ou religião.

No começo desse ano ouvi que ele estava se afastando do judaísmo, notícia que, ao mesmo tempo em que me deixou muito chateado, não me surpreendeu tanto. Não deve ser fácil viver nesse meio artístico corrompido e conturbado. Não desconfiei tanto das notícias já que não ouvia novidades sobre o cantor – nenhuma single nova, nenhum álbum novo.

Mas essa semana ouvi uma noticia que me deixou feliz na mesma intensidade que a outra me deixou triste. Depois dos discos Youth, Live at Stubb’s e No Place To Be, o cantor lançou no dia 20, após mais de um ano e meio de espera, seu mais novo CD: Shattered (Estilhaçado, em português). Matisyahu continua estilhaçando a música tradicional chassidi, onde algumas palavras se repetem durante bons minutos com ritmos e instrumentos parecidos. Composto de 4 músicas, o disco apresenta Shmash Lies, que foge do reggae e tendendo ao rap (lembrando sua música no disco mais novo do P.O.D.); So High So Low parece mais uma música do Red Hot Chilli Peppers, demonstrando um pouco do pop (presente no remix de Jerusalem); Two Child One Drop (que começa com uma frase do Tehilim 121) e I Will Be Light preservam o reggae. É possível escutar as musicas inteiras no site.

Que alívio. Cansei de gente falando mal dos outros. Matisyahu está de volta e, pelo que pude ver pelas fotos no site, mais forte do que nunca. Aparentemente, não está mais se vestindo com as roupas preto-branco nem com o look Chabad. Além do tsitsit pra fora e barba, Matisyahu aparece com longas peiot e uma kipá ao melhor estilo chassidish. Como é bom ver gente que agüenta firme mesmo nas condições mais adversas.


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Judaísmo 3G

Se você tem a idéia de que os religiosos ainda vivem anos-luz atrás de pessoas modernas, pode estar enganado. Ao falar sobre um dos itens que estão no top 10 de aparelhos eletrônicos, o iPhone, encontramos uma série de programas (applications, ou simplesmente apps) muito úteis (ou não tanto) no dia-a-dia de muitos iehudim. Algumas delas funcionam melhor no iPhone 3G, em função do GPS estar presente somente na versão mais recente do aparelho.

Clique nos seguintes nomes para abrir a página do programa na AppStore (precisa do iTunes pra abrir): Sidur, Pocket Luach, Tehilim, Shabbat, KosherMe, Tefilla Pack, ParveOMeter, Zmanim. iBlessing, iCharity e Shofar.


Clique na imagem abaixo para visualizar melhor a lista com uma breve explicação, utilidade e preço.

sábado, 25 de outubro de 2008

Iniciando novamente

Hoje estivemos no começo de um ciclo mais uma vez. Após dançar em Simchat Torá, onde comemoramos o término da leitura das 54 parashiót (porções) da Torá, chegamos no shabat em que se lê a primeira parashá, Bereshit. Quero compartilhar uma ideia que ouvi.

A criação do mundo é contada no primeiro capítulo do livro. Lemos a criação dia após dia até chegarmos ao fim do sexto dia de chól (sem santidade), quando “se formaram os céus e a terra e tudo o que a preenche”. Temos então o ápice. D’us pára tudo o que estava fazendo e por isso santifica o sétimo dia, o shabat. Existe uma pequena, porém significativa diferença entre a divisão de capítulos da Torá, uma passada pela tradição judaica e outra pelos cristãos (hoje em dia, com poucas exceções, utilizamos livros que apresentam a divisão cristã). A diferença entre eles é que na tradição judaica o shabat é narrado no primeiro capítulo, e na cristã o shabat começa em um capítulo novo. Legal. E daí?

Não sei se é por acaso. Mas isso representa muito bem o estilo de vida judaico, muito diferente do que outras religiões pensam. Tudo aquilo que é sagrado, como o shabat, está junto com o cotidiano, com o dia-a-dia, com o chól. Em cada ação desprovida de santidade devemos ter a intenção de elevá-la, transformando o físico em algo mais que mundano. Ao acordarmos, agradecemos a alma devolvida. Ao invés de rezar uma vez por semana, rezamos três vezes por dia. Ao comer ou beber cada coisa, agradecemos a D’us e elevamos a comida. Ao viajarmos, pedimos a Ele que tudo ocorra em paz. Confortando alguém, trazemos tranqüilidade e conseqüentemente a presença divina para esse mundo. Antes de dormir, pedimos bons sonhos. Nenhuma religião é mais prática, mais desse mundo do que o judaísmo: chól e kodesh sempre andam juntos. No judaísmo, o chól e o kodesh estão no mesmo capítulo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mazal tov

Ontem pude participar de uma atitude de Chessed (bondade) em massa.

Um casal de amigos - uma paulista e um carioca - quebrou o copo pra alegria de todos. O problema é que o noivo morou em Israel nos últimos três anos, e antes disso, no Rio. Em outras palavras, uma boa parte de seus amigos não pôde estar presente. Por isso tinha muita gente preocupada em como fazer a grande mitsvá de alegrar o noivo no dia do casamento, já que a noiva é quem iria estar rodeada de amigas.

Mas a preocupação deu resultado. Muitos amigos da noiva foram chamados, e mesmo conhecendo o noivo no próprio dia, não deixaram a desejar. Posso dizer que foi uma das festas de casamento mais animadas em que estive. É difícil imaginar mais de 100 homens dançando juntos em um estado de alegria indescritível pelo próximo. Dá pra ter uma pequena (mas bem pequena) noção do que foi pela foto.

Alegrar o noivo quando ele é nosso amigo é fácil. Difícil é dançar com quem você nunca viu antes em um dos dias mais importantes para ele. Tenho certeza que os que foram sem conhecer o noivo saíram mais felizes do que entraram.

Assim que é no mundo da Torá: as Mitzvót estão aí para serem feitas no nosso dia-a-dia, mais próximas e fáceis do que a gente imagina. Não é nada de outro mundo - foram dadas pra seres humanos capazes de realizá-las. Além de ajudar os outros, a gente ainda sai ganhando.

Mazal tov!


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Show de bola!

Semana passada decidi ir ao Museu do Futebol. Depois de alguns meses de reforma no estádio do Pacaembu, ficou pronto o projeto idealizado por José Serra quando ainda era prefeito. Demorou para o Brasil ter um bom museu em um de seus estádios, a exemplo do 'museo de la pasion boquense', no estádio da Bombonera em Buenos Aires, e dos grandes times europeus, cujos estádios são muito mais que um gramado e uma arquibancada.

Os preços pagos na bilheteria são muito acessíveis: R$ 6, ou R$ 3 a meia entrada. O hall de entrada é grande e decorado com diversos quadros temáticos por todas as paredes, chegando facilmente a 200 quadros. Antes de entrar na exposição permanente, é possível visitar a exposição temporária, cujo tema é o rei do futebol: Pelé. Fora os vídeos de gols e imagens da carreira do jogador, há muitos objetos de alta importancia no mundo da bola, como camisetas usadas por Pelé (no Santos, na seleção e no New York Cosmos), trofeús entregues pela FIFA e outras autoridades, além da bola original do milésimo gol.

Ao longo do museu, de percurso único e mais de 6 mil m², há várias salas, cada uma com um enfoque diferente. Algumas me chamaram muito a atenção. 'Exaltação' se situa debaixo das arquibancadas e entre as estruturas metálicas do estádio, onde mais de quatro telas mostram simultaneamente a vibração das torcidas pelo país. A impressão que se tem com o show de imagens aliado ao eco das torcidas é um espetáculo para os amantes do futebol. A 'Sala das Copas' possui colunas formadas por painéis, fotos, vídeos e dados históricos da época de cada copa, com destaque para as cinco vencidas pelo Brasil. Visualmente muito atraentes e carregadas de muita informação.

Por todo o museu, alguns itens se entrelaçam, fazendo o futebol ser interessante até para quem não sabe quem é 'aquele cara de preto': a tecnologia, muito bem utilizada em diversos tipos de mídia (vídeos, sons, painéis interativos, cinema 3D, simulador de penaltis); a história, retratando a introdução do esporte no fim do século XIX e o que ocorria no Brasil e no mundo na sala das copas; e o design, que é ao mesmo tempo moderno, multicolorido e simples, e consegue levar conceitos básicos ou complexos do futebol a qualquer desentendido.

Duas horas não foram suficientes para ver tudo com calma. Vale a pena reservar um bom período para aproveitar bem. Fiquei muito contente por ver que o museu é estruturado para cegos: no piso há indicadores de caminho, e braile em diversos painéis. Diferentemente da seleção nos últimos tempos, os idealizadores do Museu do Futebol levaram a história do futebol brasileiro pra frente com um gol de placa.

domingo, 19 de outubro de 2008

Lechaim?

De uma maneira geral, tudo o que faço passa antes por uma avaliação que chamo de “risco-benefício”: o que vou ganhar em relação ao quanto vou me arriscar. Considerando que a chance de eu me machucar gravemente em um esporte é muito baixa em relação às coisas boas que ele me proporciona, mantenho altas as concentrações de endorfinas em meu corpo.

O mesmo valeria para a questão do álcool em Simchat Torá. O que se pode alcançar com ele pode até ser benéfico (mesmo que em qualquer esquina brasileira, no mais baixo chol, qualquer um também pode). Inicialmente, vale lembrar que, diferente de purim, onde há discussões se é permitido beber, não encontramos nenhuma base para isso na Torá para a festa em questão. Apesar de acreditar que a alegria verdadeira de Simchat Torá, como o próprio nome diz, deve vir do nosso prazer por ter estudado ela ao longo do ano, respeito a opinião de que podemos ficamos mais alegres facilmente, podendo direcionar essa alegria leshem shamaim – desde que o número de doses esteja dentro de um limite saudável.

Até esse ponto, tudo ótimo. Mas sempre surgem dois problemas. Sempre. O primeiro é que esse respeito não é recíproco. Quem se alegra com o álcool deseja forçar um lechaim para quem se contenta com as músicas e seus conteúdos. Será que eles não entendem a minha verdadeira simchá? Em segundo lugar, são poucos aqueles que se controlam (menos ainda os que conseguem controlar os outros – não me sinto bem cuidando de bêbados). Oferecer vodka a um grupo de 10 crianças na idade de colegial é certeza de que ao menos um irá passar dos limites. Decorrente desse abuso, já vi resultados baixos o demais com meus próprios olhos. Por isso, chega de tzitziot sujos de vômitos, de sifrei Torá molhados de smirnoff, e de iehudim caídos na sinagoga no sagrado Yom tov. Isso não tem nada de kodesh. Chega de open bar pra atrair a galera.