terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Rav e Ph.D.

Recentemente li um livro do Rav e Ph.D. Norman Lamm, presidente da Yeshiva University durante quase 30 anos. Em 'Torá uMadá: Judaísmo e Conhecimento Secular' (ed. Sefer, 2006), o autor expõe e defende diversas maneiras de conciliar o estudo da cultura judaica aos estudos acadêmicos. São discutidos vários argumentos usados por aqueles que seguem a tendência de 'somente Torá', e os mesmos são rebatidos por Lamm, demonstrando sua visão de mundo mais aberta.
Coloco aqui um texto que ele usa para ilustrar os perigos de se fechar em seu próprio mundo e fingir que outras culturas (novas, mais abertas ou modernas) e problemas não existem, indicando que tal comportamento é um sinal de vulnerabilidade e medo, ao invés de segurança.
"O Pesadelo
Estou viajando em um automóvel confortável enquanto o clima lá fora é decididamente inclemente - as luzes ficam distorcidas e confusas na medida em que se refletem no asfalto molhado e o trânsito está pesado em ambas direções. As janelas estão bem fechadasm deixando para fora o ruído nervoso de buzinas barulhentas, freios guinchando e engrenagens rangendo. O sistema de ar-condicionado do automóvel cria um ambiente artificial de rara paz e conforto enquanto o rádio toca minha música favorita em som estéreo, e o metrônomo incessante dos limpadores de pára-brisa ditam o seu próprio ritmo obtuso. Por um momento - mais que um momento - eu permaneço distraído do mundo tumultuado que existe fora do carro. As luzes ofuscantes, a desordem e os ruídos irritantes evaporam da minha consciência enquanto desfruto da relativa tranquilidade dentro do meu carro. Meu olhar fixo desvia-se do pára-brisa e se volta gentilmente para as luzes delicadas que cintilam desde os seus seguros números digitais do painel autmoatizado como se fossem algumas estrelas. Sorrio por dentro, na medida em que a minha auto-hipnose repele com sucesso o pandemônio e os pergios do mundo lá fora, o caos perturbador do avanço pela rodovia ou o cruzamento urbano com os rugidos da estrada diante de mim. Imagino o interior do automóvel como um Mundo em si mesmo, meu próprio universo autocontido, seguindo suas próprias regras e buscando o seu próprio destino, seguindo em qualquer direção que desejar, um reino autônomo. Uma sensação de euforia faz com que as minhas pálpebras se fechem. De repente, o estrondo de um batida..."

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