segunda-feira, 2 de março de 2009

Limitar o Ilimitado?

Há duas semanas líamos sobre a entrega da Torá. Um evento único na história, que chama a atenção por ter sido algo imponente: milhões de pessoas, milagres expostos. Se tentarmos definir ou conceituar essa Revelação Divina, podemos nos satisfazer com uma palavra: expansão. D'us mostrou para todos que é Único, e expressou isso também com palavras, através dos dois primeiros mandamentos. Ele é Único, e em todos os 510 milhões de km² da Terra e no resto do universo, não existe mais nenhuma divindade.

Pois bem. Essa semana lemos sobre algo inédito (como comentamos antes aqui): D'us ordena que Moshe construa o Mishkan - um templo no melhor estilo "faça você mesmo": flexível e que podia ser montado quando necessário. Além de inédito, isso até soa um pouco contraditório com o Maamad Har Sinai (entrega da Torá). Agora o D'us ilimitado quer que a gente O encontre em um lugar limitado? O D'us infinito quer se "encaixar" em um local de 50x25m? O D'us atemporal quer que a gente tenha contato com Ele em tempos determinados?

Vamos tentar fazer um paralelo, guardadas as devidas proporções. Para eu saber quem é Michael Phelps, não preciso comer 12.000 Kcal todo dia, não preciso treinar horas/quilômetros em uma piscina, e não preciso fazer musculação todo dia (nem tomar dopping?). Não preciso viver a vida do melhor nadador do mundo. Basta ligar a TV numa final olímpica, ver que ele faz 100 metros em 47 segundos, e que ele ganhou oito medalhas de ouro em Pequim. Tudo dentro do que sou capaz de fazer.

Voltando ao nosso assunto, por mais que pareça um paradoxo, essa também é a realidade da Torá. Ela quer que a gente capte Sua presença dentro das nossas possibilidades. Do mesmo jeito que somos limitados por nosso corpo, estamos presos por nossos sentidos. Bastava entrar no Mishkan para ver aquela obra arquitetônica, aquelas lindas peças banhadas a ouro e cobre, sentir o aroma do ktoret (incenso), e assim, em um espaço limitado, se conectar ao D'us infinito. Hoje em dia não muda muita coisa. Ele não quer que façamos nada de outro mundo - basta usar nossos sentidos para perceber a presença Divina nos menores detalhes que regem o mundo.

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