domingo, 29 de março de 2009

Mais de 1000 dias no cativeiro


Semana passada e essa semana houve uma grande decepção em Israel. Todos acreditavam que o Guilad Shalit (sequestrado pelos terroristas palestinos há quase 3 anos) iria voltar para casa. As negociações com o Hamas (através de um intermediador egípcio, no Cairo) duraram várias semanas mas terminaram no nada. Os palestinos subiram as suas exigências até um ponto que Israel não estava disposto a pagar.

Passei por uma tempestade: entre a razão e a emoção. A dor e a tristeza que causam o cativeiro de um irmão é difícil de ser medida. Com certeza o Hamas não se preocupa em tratar do Guilad de acordo com as convenções internacionais, e só D-us sabe como eu ficaria feliz de vê-lo voltar para casa. Porém a minha razão fez festa.

A decisão de sentar para negociar com o Hamas foi errada desde a raiz, assim como também foi a negociação que fizemos com o Hezbolá há alguns meses (quando recebemos os cadáveres dos dois soldados que perdemos no início da guerra do Líbano: Ehud Goldwasser e Eldad Reguev). Qualquer negociação om grupos terroristas tem consequências desastrosas.

A Mishná define uma regra clara. Apesar de que resgatar judeus cativos nas mãos de goim é a mitzvá mais importante da Torá, existe uma proibição de resgatá-los por um preço maior do que o seu valor de mercado (a Mishná se refere a uma época na qual cativos de guerra eram vendidos como escravos). O motivo: Tikun Haolam (o conserto do mundo).

A Mishná vem nos ensinar que apesar da dor que existe no cativeiro de um judeu somos proibidos de permitir que ela cale a nossa razão. Caso paguemos preços extorsivos e provemos que o sequestro de judeus é lucrativo e rentável, viramos vítimas de extorsões. Caso cedamos às exigências do Hamas, teremos uma epidemia de sequestros de soldados. Baseando-se nisso, muitos defendem que é necessário manter o princípio da proporcionalidade. Um soldado por um prisioneiro (e não 1 por 400 conforme os Hamas exige) e vivos por vivos (e não prisioneiros vivos por cadáveres igual fizemos com o Hezbolá no ano passado).

Porém acredito que nas circunstâncias atuais é proibido até mesmo uma negociação proporcional. Porque não se trata de uma comunidade judaica no meio da diáspora que não tem opção fora a pagar o resgate (que é o caso descrito pela Mishná). Aqui se trata de um país que dispõe de uma infinidade de meios de lidar com os palestinos. Nesse caso responder proporcionalmente é ceder a chantagem.

Israel não pode sentar para negociar com uma organização que lhe nega o direio de existência. Isso não é proporcional; não é simétrico. Israel pode cortar o suprimento de petróleo, eletricidade, bens humanitários, e água para pressionar o Hamas. Israel pode prender toda a cúpula do Hamas igual já fez em algumas ocasiões e trocá-la pelo Guilad. Israel não pode permitir ser pressionado; Israel deve pressionar. Por isso critico a açào da mídia e de todos aqueles que organizaram passeatas e manifestações pressionando o governo israelense a ceder nas negociações com o Hamas. Eu também quero o Guilad de volta, mas o slogan que foi bramido em Israel “a qualquer custo” é criancice.

Aliás, deixando todas as considerações de chantagens políticas de lado, a mais simples aritmética condena a liberação de terroristas. Já foram mortos mais de 1500 judeus por prisioneiros árabes que foram libertados por Israel devido a negociações ou como demonstração de boa vontade. Atualmente os jornais focam a família do Guilad e a sua dor. Só que eles não focam a dor de 1500 famílias que perderam os filhos devido a esse tipo de acordo. Queira D-us iluminar os nossos líderes para que não cedam a pressões (internas e externas) e tragam os cativos de volta para que possamos cantar com eles no seder de Pessach “avadim hainu... ata bnei chorin” - fomos escravos... agora, homens livres.

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