quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Mais contra-ataques (pela internet)

Não é só em Israel que há tentativas de mostrar o lado israelense da história pela internet (como comentamos na última postagem). Aqui no Brasil o blog Vítimas de Gaza tomou a iniciativa. Não entenda vítimas que estão em Gaza, mas sim vítimas dos ataques vindos de Gaza.

O blog colocou vídeos de terroristas lançando seus mísseis, e vídeos de suas conseqüências em território israelense. Vídeos que não vemos nos jornais nacionais (desculpa o trocadilho) ou nos sites de notícias. Destaque para o texto 'vamos fazer um desafio' na lateral direita do site. Vale a pena entrar, ver e ler.

Exército Israelense no YouTube

Segunda-feira, dia 29, as forças de defesa de Israel resolveram lutar em mais um campo de batalha: a internet. Como sabemos, na rede não faltam vídeos, blogs, sites de grandes canais que enfoquem mais o sofrimento causado pelos ataques israelenses. Em um tipo de resposta, a unidade responsável pelas relações públicas do exército, mostra através de um canal no YouTube que os ataques tem como alvo somente o Hamas.
Pelos vídeos é possível ver que Israel não está somente atacando, como ajudando em alguns casos, e também a precisão cirúrgica dos ataques. Alguns são filmados a partir de aviões ou helicópteros em ação, outros por câmeras nos próprios mísseis.

Coloco aqui um dos vídeos que mais me chamou atenção. Ontem, após mais de 10.000 visualizações, foi retirado do ar pelo YouTube. Mais tarde foi colocado novamente.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mais um do Shwekey!

Para quem curte o popstar mundial da música judaica, há uma novidade desde o dia 9 de dezembro. Depois de quase 2 anos sem lançar nada, Yaakov Shwekey seu segundo disco ao vivo: Caesaria. O show foi gravado no auditório da cidade no norte de Israel no mês de setembro.


Assim que fiquei sabendo, não tive a paciência de esperar alguém me trazer dos EUA ou de Israel. No site MostlyMusic.com, além de ser possível escutar alguns segundos de cada faixa, é possível comprar o DVD, o CD, ou as músicas em MP3. Assim fiz: mais barato, mais rápido, mais prático.

O disco é baseado nas músicas já conhecidas do cantor, principalmente as do último álbum, Leshem Shomayim. Como no Live in Paris, alguns medleys também. No entanto, há quatro novidades: (1) Vehu Keli, trecho do Adon Olam e música composta por Baruch Levine; (2) Anovim, em dueto com o cantor da música, Yossi Green. Entre as músicas novas, (3) Vehi Sheamda e (4) Shefa rav - típica do estilo Shwekey. Pra quem foi no show que teve no Brasil, até que dá para matar as saudades...

Fica aqui um preview do DVD:

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Nada de estardalhaço

No desenrolar dessa parashá, Mikets, Yossef sai da prisão em que esteve por dois anos e desvenda os sonhos do Faraó. Por acertar na mosca, vira nada mais nada menos do que o vice-presidente do Egito, o mão direita do Faraó. Como previsto nos sonhos, se iniciam os anos de miséria após os sete anos de fartura. Todos ficam sem alimentos - fora o Egito, que armazenou muita coisa dos tempos de vacas gordas (será daqui, do sonho do Faraó, a expressão usada nos dias de hoje?).

Muito distante geograficamente, mas também em crise, Yaakov manda seus filhos descerem ao Egito para comprarem a comida lá guardada. Nossos sábios fazem questão de ressaltar que os dez irmãos foram recomendados por seu pai a entrarem na cidade dispersos, cada um por um portão. O motivo é simples. Um gringo já chama atenção. Dez estrangeiros andando juntos chamam muita atenção. Dez estrangeiros com dinheiro andando juntos chamam muito mais atenção.

Torá não é um conjunto de informações históricas para divertir as crianças ou nos entreter. Não é uma novela dividida em capítulos. Ela não é algo distante ou inatingível: nos foi dada para que cada um de nós possa aprender com seus ensinamentos do dia-a-dia e de comportamento. Modéstia, humildade, simplicidade, fugir da exibição, tsniut (ser discreto). Essas são características que todo Iehudi deve aprender com a história de seu povo e aplicar na própria rotina, sendo traços inseparáveis de sua essência.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Águas de Chánuka

Finalmente chegaram as chuvas. Depois de algumas semanas de espera (vários rabinos daqui decretaram, frente o quadro de estiagem, que era necessário acrescentar um trecho a mais na reza diária, pedindo por chuvas) abriram-se os alçapões do céu. Hoje cheguei encharcado no meu apartamento!

É difícil para filhos de um "país tropical abençoado por Deus" entenderem a importância da chuva. Alguém que fica preso por uma hora num engarrafamento nas marginais e tem a oportunidade de contemplar o volume imenso de água que é poluído e desperdiçado, inconscientemente acaba banalizando a importância da água. Lembro da sensação que acompanhava a chuva na cidade da garoa. A desilusão de ter que ficar em casa, ou de perder um fim de semana na praia. Quando vi as pessoas aqui em Israel, com um sorriso estampado na cara, e algumas fazendo questão de andar sem guarda chuva pra sentir na carne a tão esperada chuva, me dei conta de o quão infantil era a minha decepção tropical.

Porém a pergunta fica no ar: porque a terra que de acordo com a Torá foi escolhida e abençoada por D'us precisa ficar a mercê de estiagens? Se a terra é tão abençoada assim, porque D'us não colocou o Amazonas aqui no meio? Moshe foi o primeiro a descrever esse paradoxo, quando disse que "essa terra, na qual vocês irão entrar, não é como o jardim verde do Egito". Em outras palavras: o rio Yarden (Jordão) não chega nem perto do Nilo. Os rios e o regime fluvial representam os regimes cíclicos: as cheias e as entre-épocas. Por outro lado as chuvas representam o inesperado. A terra de Israel não se apoia em rios, mas em chuvas; ela se apóia na bondade de Deus. E a recompensa divina está condicionada ao nosso comportamento.

No Egito, todos tem a mesma recompensa: sejam bons ou malvados, a cheia do Nilo será idêntica a do ano passado. É como aquele pai que ao invés de gastar um tempo para o seu filho, lhe dá uma mesada gorda, coloca uma telvisão no seu quarto e assim se livra de qualquer chateação. Aqui em Israel pode ser que a nossa mesada não seja tão gorda, mas nós temos uma linha direta com o Manda-Chuva (nos dois sentidos). Porque quem ama, educa.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Você pode fazer mais


Não é raro eu sair às ruas e ver algo que me deixa muito, mas muito triste. Você também já deve ter visto, principalmente nas ruas do centro; eu chamo de homem-placa. Como a própria definição diz, um homem veste um banner de plástico (se encaixa no corpo semelhante a um grande Talit). É incrível como hoje em dia, se faz de tudo para conseguir anunciar algo. O auge foi quando eu vi, na semana passada, um papai noel vestindo uma placa. Um papai-noel-homem-placa.

Mas o que mais me deixa triste nisso é que se esquece toda a capacidade criativa que qualquer ser humano possui. Fomos presentados com cem bilhões de neurônios, que quanto mais 'treinados', melhor funcionam, genialmente e rapidamente entrosados. Rebaixar um ser humano e recompensá-lo por fazer o mesmo trabalho que um cavalete pode fazer (!) é algo que não entra na minha cabeça. Quando vejo um ascensorista tenho o mesmo sentimento.

Eu cresci com o conceito de que as pessoas devem ser recompensadas por fazerem trabalhos originais, criativos e que proporcionam o bem aos outros, quando elas transformam ideais e pensamentos em realidade. Mas, levando em conta a realidade em que vivemos, deveríamos ficar contentes quando as pessoas aceitam trabalhos como esses, e não piores.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Festa em Gaza

Essa semana o Hamas comemorou seus 21 anos de existência. Aproximadamente 150.000 pessoas saíram às ruas de Gaza para festejar com suas bandeiras, bonés e faixas verdes que representam a ideologia do Hamas. Em uma cerimônia com músicas e peças, tivemos um presente nem um pouco agradável: eles fizeram uma encenação tirando sarro de Guilad Shalit. Um terrorista do Hamas vestia a roupa do exército israelense, e imitava o soldado pedindo por liberdade. Shalit já em cativeiro há mais de 900 dias.
Por incrível que pareça, amanhã lemos na parashá de Vaieshev o que sofreu Yossef enquanto estava preso no Egito, e todas as ridicularizações que faziam em cima dele após o que ocorreu com a mulher de Potifar. Espero que da mesma maneira que Am Israel saiu do Egito, mesmo passando por muito sofrimento, Guilad também saia do cativeiro, porém mais rápido que seus antepassados - dois anos já foram mais do que suficiente para nos dar tristeza.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Indignação atemporal

Em geral, evito falar de política, mas a não ser que eu fosse um alienígena seria impossível deixar isso de lado depois dessa semana. Por dois motivos: O isralense adora política. Quando estudava na Poli, lembro que o único jornal que entrava na sala de aula era o 'Lance!': "política é coisa do pessoal da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas)". Acho que no mundo inteiro o campo das ciências exatas é um pouco alienado da política, mas aqui é um pouco diferente. Nem a faculdade de matemática se salva. Os números pertencem a partidos. E principalmente nessas semanas, quando a trégua com o Hamas termina, os mísseis voltam a cair sobre Sderot e as eleições se aproximam. Os partidos organizam as primárias (características do sistema parlamentarista, estranhíssimo para nós brasileiros... democrático demais).
Mas há um outro agravante nessa semana: Chánuca. O sionismo laico a transformou em uma festa cívica: um símbolo do espírito judeu que grita pela liberdade contra gregos opressores. As emissoras de televisão inserem o acendimento de velas na programação e as partidas de futebol nessa semana incluem o acendimento da chanukiá antes do jogo. Talvez muitos israelenses sequer saibam que há um mandamento de acender velas no Shabat, mas sem dúvida sabem a brachá do acendimento das velas de Chánuca.
Na minha humilde opinião, Chánuca vem exaltar o idealismo. É a derrota dos pragmáticos. Chánuca não foi apenas a vitória dos judeus sobre os gregos: foi a vitória dos judeus sobre os helenistas. Da minoria sobre a maioria. A beleza de Chánuca é que um senhor de idade chamado Matitiahu não estava disposto a aceitar a realidade como ela era. Apesar de sua idade, ele manteve a capacidade quase única dos jovens de se indignar. É óbvio que os velhos não se dispuseram a segui-lo. Os pragmáticos sempre estão dispostos a tachar qualquer idealista de fanático, mas os jovens (comandados pelos seus filhos, entre eles Yehudá HaMakabi) escutaram a sua voz e puderam trazer o orgulho de volta a Am Israel, e graças a eles acendemos as velas na semana que vem.
Queira D'us que esse Chánuca possa iluminar todos os nossos líderes. Como nas palavras do Milton Nascimento: "Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração... Pois não posso não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver. E não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal". Seja essa sacanagem um caso de corrupção, a imposição de outra cultura, ou mísseis caindo sobre Sderot.

The All American Rejects & Fall Out Boy

Para os fãs de música pop/rock/alternative. Essa semana foi quente em lançamentos de duas bandas norte-americanas bem destacadas nesse meio: The All American Rejects (AAR), e Fall Out Boy. As duas lançaram novos álbuns na última terça-feira, dia 16.

When the world comes down (clique para ver no iTunes) é o terceiro album dos AAR, e vem com pequenas diferenças em relação ao último disco (que tinha entre as músicas, Move Along, e Dirty Little Secret, que fazia parte da trilha sonora de malhação em 2006). Destaque para a música Gives You Hell, que já está como a mais vendida na sua seção no iTunes.
O novo disco do Fall Out Boy, Folie à Deux, também já está disponível nas music stores. A banda manteve seu estilo, e o som está ainda melhor: Folie à Deux está mais que recomendado.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Diga mais obrigado

Essa vem de uma das últimas parashiot, vaietsê. Pode parecer uma coisa óbvia depois de lida, mas poucos reparam na sua importância. Nascem os filhos de Yaakov, e, um por um, são explicadas as origens de cada nome. Um deles tem a ver com todo iehudi: Iehudá. É esse nome que irá marcar Am Israel para sempre. Segundo sua mãe, Lea, o nome tem a ver com agradecimento a D'us (em hebraico hodaá -> Iehudá
Até os dias de hoje, é isso que marca (ou deveria marcar) a vida de todo iehudi. Desde as primeiras palavras que falamos ao acordar, o modê ani, até o momento em que vamos dormir, nossas vidas são recheadas de reconhecer o bem que os outros nos fazem. Dar valor a cada atitude feita pelos outros, ou a cada segundo da vida, deve ser algo inseparável da nossa essência. Em hebraico, hodaá pode servir tanto como agradecer, quanto como reconhecer. Na realidade, ao reconhecer o bem que recebemos, automaticamente devemos agradecer. Em hebraico, chamamos a isso hakarat hatov - 'reconhecer o bem'.
Coisas que parecem simples e cotidianas - como respirar, comer, dormir e acordar, ter amigos - ao serem olhadas com as lentes do agradecimento, são muito mais valorizadas. Como em tudo no mundo iehudi, gastamos nossa energia e empenho pelos outros, mas, no fim das contas, quem sai ganhando somos nós mesmos. Agradecendo aos outros, é a nossa própria vida que melhora.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Palmas, muitas palmas!

Enquanto os corintianos comemoram a apresentação de Ronaldo no Parque S. Jorge, nós também temos motivos para comemorar. Em pouco mais de 40 dias no ar, nosso blog conseguiu atingir números bastante significativos.

Hoje, sexta feira, alcançamos mais de 1.000 visitas ao site, a partir de 550 visitantes diferentes, dos mais diferentes lugares: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Estados Unidos, Israel, e alguns países europeus.

Temos somente que agradecer aqueles que tornaram realidade o que antes eram somente idéias em nossas mentes. Leitores e divulgadores, fica aqui nosso muito obrigado a cada um de vocês!!! As palmas são para vocês.

PS: Para os que quiserem ajudar na divulgação, mande um e-mail para tudoabertamente@gmail.com que mandamos o banner do site.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

[filme] O menino do pijama listrado

Há algumas semanas escrevemos um pouco sobre o livro de John Boyne, O Menino Do Pijama Listrado. Como havíamos comentado, o filme produzido pela Miramax estréia nessa sexta-feira, dia 12.

Conseguimos assistir a uma das avant-première que rolaram por aqui. O filme é muito fiel ao livro, com pequenas alterações presentes em muitas adaptações do tipo. Mas ainda assim, é possível se surpreender com a semelhança com as imagens e cenas visualizadas durante a leitura. Se o livro já consegue tocar o coração do leitor, mais ainda é possível dizer sobre o filme. As partes que já eram fortes no livro (como o final), ficaram muito potencializadas com o jogo de imagens e de sons do filme. Apesar de muitos não gostarem da fusão ficção-holocausto e atribuírem esse termo ao filme, O Menino Do Pijama Listrado não lembra nem de longe o tom de comédia de filmes como A Vida É Bela.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pura matemática

Quando se falava sobre conquistas de campeonato brasileiro, durante toda minha infância, ouvia que "todo mundo tenta, mas só o flamengo é penta". As coisas estão diferentes hoje em dia. 

Convenhamos que temos que tirar o chapéu para o São Paulo, que ontem conquistou seu sexto título brasileiro, sendo o terceiro consecutivo (06-07-08). Mesmo torcendo contra, vestindo a camiseta do Grêmio e dando aquela secada no tricolor, nada adiantou. Os motivos são simples, e as conseqüências não poderiam ser diferentes.

O SPFC tem se mostrado um clube do mesmo nível daqueles grandes europeus. Possuem um dos melhores estádios do Brasil. A diretoria é competente e não faz parcerias com empresas que lavam dinheiro no Brasil. Jogadores de outros clubes (até da Europa) vem procurar o centro de reabilitação tricolor após lesões/cirurgias. Os outros clubes é que deveriam aprender com eles, para deixar de ter dirigentes corruptos que esquecem dos milhões de torcedores que têm sua vida influenciada por uma queda para a segunda divisão...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Podar a árvore

Essa semana se lê a parashá de Vaietsê, que descreve as atribulações de um judeu (vulgo Yaakov) na Síria (vulgo Iraque). Ele foge de seu inimigo mortal, Essav, e busca refúgio na casa de seu tio Lavan. Como na época não havia nenhum tipo de CLT ou outra lei trabalhista, Lavan se dá ao luxo de enganar várias vezes Yaakov explorando o seu trabalho de qualidade. Lavan era ao mesmo tempo chefe e sogro (já imaginou?).

Na Hagadá de Pessach há um trecho muito interessante no qual dizemos que Lavan foi muito pior do que o Faraó, porque Faraó “havia decretado a morte apenas aos bebês homens, porém Lavan quis arrancar tudo” (sic). Por mais marxistas que sejamos é difícil de entender porque a Torá enxerga a personalidade de um chefe cruel pior que a de um déspota genocida. O maior problema de Lavan era a sua capacidade de manipular e omitir a verdade. E essa característica não se revelou apenas no referente aos pagamentos: quando Yaakov decidiu fugir para Israe levando consigo seus filhos de volta a casa de seu pai, foi surpreendido por Lavan: “Como você pode partir sem deixar-me beijar os meus netos e minhas filhas?!”.

Lavan era capaz de se mostrar como um amigo e uma pessoa razoável. Ele era capaz de se mostrar como um avô carinhoso. Esse é o perigo que ele oferece. Existem dois tipos de inimigos do povo judeu. Um deles é como o Faraó e Essav. O ódio é declarado e a animosidade se revela ainda na barriga da mãe. Eles podem almejar matar-nos, e atirar todos os nossos filhos ao mar, mas por mais que possam nos machucar, não tem a força necessária para nos aniquilar; por mais que possam promover um Holocausto não podem impedir a fundação de um Estado Judeu em 1948. Am Israel é comparado a uma árvore. Por mais que se corte um galho, a árvore persiste.

Porém Lavan queria arrancar a árvore até as últimas raízes. Uma árvore assim não tem a menor chance de sobreviver. Lavan não queria matar Yaakov. Ele só queria impedi-lo de voltar a casa de seu pai. Ele só queria beijar seus netos mais uma vez. Ele só queria que seus netos crescessem de acordo com os seus valores; estudassem nas suas escolas; casassem com os seus parentes. Ele só queria que a família de Yaakov assimilasse a sua cultura e a seu povo. É difícil para um judeu entender que às vezes é necessário esquivar-se de um ambiente que não lhe pertence, e voltar para a casa de seu pai. Afinal de contas Lavan é o nosso avô “carinhoso”. O anti-semitismo é terrível, porém uma sociedade aberta e tolerante nos obriga a sermos cuidadosos. É preciso saber quem é Lavan e quando chega a hora de voltar para casa.

Não à falsidade

No último sábado foi lida a parashá Toldot. Nela se conta sobre a descendência de Itschak, seus filhos Yaakov e Esav. Um detalhe interessante chama atenção.

Quando é narrado o casamento de Esav, aos 40 anos, nossos sábios o comparam a um porco. Isso mesmo: ao animal tido por muitos como o mais grave de se comer. Antes de se casar, Esav saía com mulheres casadas e cometia um dos 3 pecados que um judeu deve dar a vida ao invés de trasngredir: relações proibidas. Após 'se cansar' dessa brincadeira, ele resolveu se casar. Mais falso, impossível. Com o porco, temos o mesmo. Ele nos mostra sua pata - que é de acordo com a lei de kashrut - mas seu sistema digestivo não (por não ser um animal ruminante). Por fora se diz kasher, mas por dentro é taref. No fim das contas, ele é taref. Mais falso, impossível.

Acredito que seja esse um dos motivos porque o porco é tão evitado. É isso que a Torá quer que a gente evite ao máximo. Nada de dizer uma coisa e pensar completamente o oposto. Nada de falsidade.