domingo, 30 de novembro de 2008

Mais amor

Na reza adicional de Rosh Chodesh (mussaf do início do mês), nós dizemos. "Rashei Chodashim leamcha natata, zman kapará lechol toldotam, bihiotam makrivim lefanecha zivchei ratzon" ("Você [D-us] deu rashei chodashim para o seu povo. Um período apropriado para a expiação dos pecados de seus descendentes. Quando eles sacrificaram perante Você os seus sacrifícios".

Mas "Mipnei chataenu galinu meartzenu" ("Graças aos nossos pecados, fomos expulsos de nossa terra"). Portanto hoje em dia nós não temos mais nosso Bet Hamikdash (Templo), nem um altar aonde possamos fazer os sacrifícios, e a reza de mussaf que nós fazemos no Rosh Chodesh é um pálido substituto dos sacrifícios. Os nossos sábios explicam que o segundo Templo foi destruído pelo ódio gratuito (sinat chinam) e que o terceiro só será reconstruído através de amor gratuito (ahavat chinam). Toda geração que não tem o privilégio de ver o terceiro Templo reconstruído equivale a geração na qual o segundo Templo foi destruído. Ou seja, se nós ainda não temos o Bet HaMikdash hoje em dia, é porque ainda sofremos da mesma doença que destruiu o anterior há 2000 anos: o ódio gratuito.

E numa realidade imperfeita como a nossa, quando não existem sacrifícios que possam expiar os nossos pecados, são os judeus mais puros que assumem o papel do "bode expiatório" (o bode que era sacrificado no Templo em todas as festas e nos rashei chodashim). Esse foi o segundo Rosh Chodesh em menos de 12 meses que foi regado pelo sangue de yehudim exemplares. Korbanot Tehorot. Em Adar (março), foram os 8 alunos de Merkaz haRav, e sexta feira foram os yehudim do Beit Chabad de Bombai. Um dia alegre tomou um tom trágico e de desespero.

Porém Kislev é o mês de Chánuca. Um mês cujo final dele promete luzes. E se sexta feira pudemos ver um dos piores efeitos colaterais da sinat chinam, nesse shabat eu pude ver um exemplo incrível de ahavat chinam. Passei o shabat em Efrat (uma cidade ao sul de Jerusalém, que foi fundada por judeus que fizeram aliá dos EUA). Foi um shabat organizado para pessoas que passaram ou estão passando por um processo de conversão. Eu junto com mais uns amigos da Yeshivat HaKotel fomos convidados para ajudar a criar uma atmosfera de shabat (com músicas, dança, e algumas palavras de Torá). Nós fomos chamados para dar, mas acabamos recebendo. O rabino responsável pelo instituto, o rav Birenboim, e sua mulher Renana, me mostraram como é possível traduzir em ações práticas o conceito de ahavat chinam. Eles acompanham as pessoas não apenas durante o processo de conversão, mas também depois dele, e cumprem uma das mitzvot mais importantes da Torá: a de respeitar o convertido. Conforme a mulher do rabino explicou: eles fazem o papel de parteiros, e são as próprias pessoas que dão a luz a si próprias, pois converter-se é comparado a um renascimento. Eles são parteiros e a cada parto ganham um irmão.

Talvez se houver mais alguns casais como esse em Bnei Israel, no mês que vem, não nos contentaremos apenas com uma tefilá de mussaf.

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