quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Se não me querem...

Ontem à noite, aqui no Technion, organizaram um encontro dos estudantes religiosos (acho que essa é uma das classificações mais relativas que existem; enfim - um encontro para aqueles que chamam a si mesmos de religiosos). Para abrir a noite o rav Zini, o rabino do campus, deu uma breve introdução histórica sobre a situação religiosa no Technion desde que ele chegou aqui, há 38 anos atrás (na época como um doutorando em matemática). Ele nasceu na França, filho de uma família de rabinos, e se graduou e fez um mestrado em matemática. Quando tinha uns 20 anos decidiu fazer aliá e sua intenção era concluir o doutorado em Israel. Ele mandou cartas para várias instituições, entre elas o Technion. Ele nos contou que na foto que ele anexou a carta ainda não tinha barba. Depois que fez aliá, deixou a barba crescer.

Quando chegou à primeira entrevista com o responsável pelo departamento de matemática do Technion (na época um judeu extremamente anti-religioso), entrou no escritório barbado e de chapéu, e se apresentou como Eliahu Zini. O professor exclamou abismado, com a indignação de alguém que fora enganado: "Mas na foto você não tinha barba!". Após essa cena o rabino tirou a sua conclusão: "Quando eu senti que não era bem vindo, entendi que era meu dever ficar aqui".

Uma regra interessante. Foi devido a ela que hoje em dia existe uma sinagoga e um centro de estudos judaicos aqui no campus. Também foi devido a essa insistência que hoje em dia existem 400 alunos religiosos em uma universidade que antigamente era um território muito hostil a eles. Ainda existem pontos a serem melhorados - por mais que a nova geração aqui em Israel não conserve tantos sentimentos anti-religiosos como a anterior - e muitos professores odeiam o rabino. "Essa é a maior prova de que eu ainda preciso ficar aqui!". Eu me identifico bastante com essa regra, mas costumava enunciá-la de uma maneira um pouco diferente: entre dois caminhos, escolha o mais difícil, porque nele você pode ter certeza que está crescendo. Quando as coisas estão fáceis demais é porque estamos descendo

Um comentário:

Paulinho Rosenbaum disse...

B"H
Rav Zini Shlita foi o rabino que mais influenciou minha jornada de teshuvá no inicio da década de 90, quando eu fazia parte da juventude do Mapam (Meretz de hoje), jamais ficando surpreso com qualquer pergunta minha, por mais escandalosa que fosse. Foi ele quem me sugeriu criar algo novo no mundo do Kiruv e montar meu próprio Beith Midrash, hoje virtual, mais conhecido como TROPICASHER, Torá com Sabor Tropical. Eis o site:
www.tropicasher.com.br
Paulinho Rosenbaum