sábado, 25 de outubro de 2008

Iniciando novamente

Hoje estivemos no começo de um ciclo mais uma vez. Após dançar em Simchat Torá, onde comemoramos o término da leitura das 54 parashiót (porções) da Torá, chegamos no shabat em que se lê a primeira parashá, Bereshit. Quero compartilhar uma ideia que ouvi.

A criação do mundo é contada no primeiro capítulo do livro. Lemos a criação dia após dia até chegarmos ao fim do sexto dia de chól (sem santidade), quando “se formaram os céus e a terra e tudo o que a preenche”. Temos então o ápice. D’us pára tudo o que estava fazendo e por isso santifica o sétimo dia, o shabat. Existe uma pequena, porém significativa diferença entre a divisão de capítulos da Torá, uma passada pela tradição judaica e outra pelos cristãos (hoje em dia, com poucas exceções, utilizamos livros que apresentam a divisão cristã). A diferença entre eles é que na tradição judaica o shabat é narrado no primeiro capítulo, e na cristã o shabat começa em um capítulo novo. Legal. E daí?

Não sei se é por acaso. Mas isso representa muito bem o estilo de vida judaico, muito diferente do que outras religiões pensam. Tudo aquilo que é sagrado, como o shabat, está junto com o cotidiano, com o dia-a-dia, com o chól. Em cada ação desprovida de santidade devemos ter a intenção de elevá-la, transformando o físico em algo mais que mundano. Ao acordarmos, agradecemos a alma devolvida. Ao invés de rezar uma vez por semana, rezamos três vezes por dia. Ao comer ou beber cada coisa, agradecemos a D’us e elevamos a comida. Ao viajarmos, pedimos a Ele que tudo ocorra em paz. Confortando alguém, trazemos tranqüilidade e conseqüentemente a presença divina para esse mundo. Antes de dormir, pedimos bons sonhos. Nenhuma religião é mais prática, mais desse mundo do que o judaísmo: chól e kodesh sempre andam juntos. No judaísmo, o chól e o kodesh estão no mesmo capítulo.

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